terça-feira, 29 de setembro de 2009

LEGENDARY TIGER MAN - FEMINA (2009, EMI/DISCOS TIGRE)

«The desire of the Man is for The Woman but the Desire of the Woman is for the Desire of The Man»


O Sr. Mil Projectos não acalma, continua com uma moca de speeds fenomenal, sempre com uma a mais dentro da cartola. Depois dos Wraygunn vem o projecto individual, o seu alterego, a sua outra face, do pinga-amor solitário e garanhão, mas uma banda de um homem só em simultâneo. De facto, não há nada comparável ao Lendário Homem Tigre, como diz muito bem a gata assanhada Peaches em She's a Hellcat. O Blues é o seu ponto de partida, e a imagem da mulher o seu assunto. Todas as canções são comparticipadas por seres do outro lado. Como um trovador dos tempos modernos que faz a sumissão e a veneração do culto feminino. Inclui, claro está o cover do original da Nancy Sinatra «These Boots Are Made For Walkin'» com a Maria de Medeiros.
Paulo Furtado aproveitou para desenvolver a sua mestria na guitarra melhorando o arpejo para conseguir sacar um baixo e uma guitarra ao mesmo tempo que usa caixa de ritmos electrónica. As coisas puxam um bocado para o estranho, mas simbiótico. Mas o poder além de um bom instrumental todo sacado do velho Paulo, são das excelentes prestações vocais destas musas. Becky Lee está estrondosa enquanto se mistura com a harmonia da guitarra, num blues/soul muito lento em «No Way To Leave on a Sunday Night». E Paulo Furtado deixa as vozes das Senhoras respirar, porque, de facto, elas são o centro de todas as atenções.
Todo o conceito afectivo gira sobre os vários perfis da Mulher. Umas mais agressivas como «Radio & TV Blues», a tradicional música de Legendary Tiger Man, ou a melodia carregada «Lonesome Town» da sua nova companheira Rita Redshoes, ou a rápida «the Saddest Thing to Say» com o excelente contributo vocal de Lisa Kekula.
Mas as boas canções não culminam por aqui. Todo o álbum está repleto delas. Uma das melhores conta com a prestação de Claudia Efe em «Light Me Up Twice». Para macho alfa, Paulo Furtado bem que reconhece a importância das mulheres na música, e de uma maneira ou de outra ele conseguiu que muitas participassem directa ou indirectamente, pela sua atitude rebelde ou introvertida e melódica. Reconhece-as não apenas como musas, mas como artistas de grande talento.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

TAKING WOODSTOCK DE ANG LEE (2009, DISTRIBUÍDO POR FOCUS FEATURES)


Realmente só faltava um filme sobre Woodstock era o que faltava. sobretudo, estrategicamente pensado quando se trata de uma época revivalista, que encarram a geração de 60 como um tempo mítico. Basta olhar para as revistas de música, para as ver pejadas de artigos sobre esta época mítica.
Mais do que foi o Woodstock, que não se considerou, nem fica marcado como apenas um Festival em campo aberto, mas o que ele acabou por reprentar para as gerações que o viveram e que o sucederam. Como acontecimento socio-cultural e com implicações políitcas pró-pacíficas, a música de intervenção que já ecoava pelas vozes e guitarras de músicos marcantes como o génio Bob Dylan e a única Joan Baez, finalmente tinha representação física para além dos discos que as continham.
Aliás, a concentração frente ao Lincoln Memorial em Washington, D.C. já tinha criado um precedente em movimentos de massa com suporte musical. A´música tinha ganho claramente outra importância, que de repente todos os psicólogos e sociólogos estavam preocupados com os efeitos que isso provocou nas multidões. Tanto que se tornou um caso de estudo.
Ang Lee parte do relato histórico de Elliot Tiber um designr de interiores no Estado de Nova Iorque alugou um celeiro para viver as suas experiências com a sua troupe. Os acontecimentos que se sucederam revolucionariam uma geração e todas as que haveriam de vir. Tudo começou com a vontade de Elliot em dar um pequeno concerto para os seus amigos. Curioso como momentos históricos saem dos actos menos calculados. Mas os obstáculos não eram poucos, apesar da licença para a organização ter saído apenas em 1 Dolar, o que deu uma margem de lucro de quase 500% a Tiber.
Sendo o filme sobre o Festival, Lee consegue surpeender grande parte da audiência não fazendo um remake dos Fesatival. É mais um relato histórico que está por detrás de toda esta história. Um pouco documentário sobre aquilo que todos conhecemos, mas ninguém parou para pensar como tudo aquilo foi ali parar. Um pouco como uma viagem de LSD numa Yellow W Van Hippie, uma grande amnésia piscadélica donde resta apenas o espectáculo.
Grande prestação de Emile Hirsch, um actor do movimewnto independente que continua a jogar grandes cartadas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

LES POUPÉES RUSSES DE CÉDRIC KAPLISCH (2005, CE QUI ME MEUT/LUNAR FILMS)


As Bonecas Russas é um filme tipicamente pró-europeu. A variedade linguísitca e afabilidade entre povos europeus é visível. Trata-se nada mais, nada menos do que a sequela de L'Auberge Espagnole e como seria de esperar, deveria haver um prolongamento no final do filme. Como é sabido não há duas sem três. Mas até agora, tal ainda não aconteceu.
Mas lá para o meio do filme, Xavier conta-nos o porquê de a História acabar ali, e não se prolongar indefenidamente. Porque geralmente é assim que culminam os filmes de amor, dexando toda a monotinia da rotina na expectativa.
O filme tem a façanha de relatar as relações amorosas e afectivas de uma maneira extraordinariamente realista e original. Não é o típico estilo filme francês, estranho e com contornos bizarros, muito pseudos. Talvez o segredo resida no facto de se tratar de uma produção conjunta entre a França e Grã-Bretanha, o que deum um certo pragmatismo ao argumento. Ou se calhar, a corrente actual de cinema francês esteja mudar.
Tem também outro carácter singular que, para mim, é extraordinariamente belo, é um filme multi-lingue.
Xavier regressa de Barcelona com uma ideia em mente, realizar o seu sonho de criança, tornando-se escritor. Mas não é tão fácil quanto parece. Após algumas peripécias em busca da mulher perfeita é-lhe oferecido a possibilidade de escrever um guião. Mas não está fácil, porque tem de ser escrito em Inglês, ao que Xavier confessa que domina a língua, mas a proposta de lhe retirar o guião está eminente.
Foi então com a ajuda do seu amigo William, voltou a entrar em contacto com uma velha conhecida, Wendy. Esta tinha uma excelente reputação como argumentista e prontificou-se a ajudá-lo. Daqui nasce a relação mais interessante, com Xavier a deambular entre Paris e Londres como no clássico de Charles Dickens. Enquanto este segue na busca da mulher perfeita, William seu amigo encontrou de imediato o amor da sua vida, Natascha. Uma bailarina russa.
Entretanto, Wendy e Xavier vão se conhecendo, e subjaz-lhes uma química uma compreensão mútua que parece natural. Wendy veio de uma relação desfeita, Xavier das que desfez. Falam do amor, sexo e afectos de uma maneira platónica, e vão-se interessando mutuamente. Porque não há nada melhor que juntar a fome com a vontade comer, ou trabalho com prazer. E quem rima sem querer é amado sem saber.
No meio disto Xavier descobre que há uma nova proposta de trabalho: escrever a biografia de Celia Shelburn, uma modelo que era exactamente o que Xavier precisava para despertar. Levar uma tampa das antigas.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

LYNYRD SKYNYRD - GOD + GUNS (2009, ROADRUNNER)


Os Skynyrd são daquele género de bandas clássicas que nunca esperávamos que ainda estivessem no activo. Mais são daqueles artistas de rock que por detrás daquela máscara libertina que todas as estrelas rock parecem transparecer, escondem um carácter ultra-conservador, neste caso americano bem ao estilo de Ted Nugent(o). Esqueçam aquela Amércia cosmopolita e avan-gard nova-iorquina ou angelina. estamos a falar da américa profunda e dos seus redneck fundamentalistas que enchem estádios e incentivam jovens americanos a combater por interesses de meia-dúzia de abutres.
Levou tempo a mostrarem-se. Quem diria que subjacente a este radicalismo estão os mesmos autores de peças tão aparentemente hippies como Free Bird. Tal como um livro que jogamos fora quando lemos um passagem absurda, senão ridícula. A música é também um veículo de ideias e transporte de mensagens, por vezes perigosas. Pelo que devemos sempre ouvir com um espírito crítico.
Todo o disco transpira uma inspiração retrógada típica de matarruanos e saloios. Defender a pena de morte é uma coisa; andar a exultar nos discos a defesa das armas e da sua posse como um direito inalienável é já outro nível. Pois para estes velhos macacos isto é o que representa o verdadeiro espírito americano, como fazem questão de frisar em «God + Guns» ou «That Ain't My America», como se a América fosse uma realidade de um só povo ou comunidade de pessoas. Se há coisa que a América é uma multiplicidade de povos e culturas. Se há coisa que eu quero relembrar do espírito dos pais fundadores é o primado da lei enquanto expressão da vontade popular e a igualdade de todos perante a mesma; a liberdade e tolerância; e a coexistência pacífica dos povos (o célebre vive e deixa viver). Mas aquilo que fica é um povo violento, agressivo onde se propagou uma verdadeira «cultura de morte», que fomenta a guerra e os interesses. este bem se podem juntar ao clã Nugent e ir tocar para os infernos de Hades, porque maiores que sejam os riffs, os solos de guitarra, ou variações de bateria, que já se ouviram todos no passado ou por mãos de outros artistas, são os valores que sustentam o perfil de um artista.
Isso, pelo menos para mim, conta muito. Tanto ou mais do que a melodia.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PEARL JAM - BACKSPACER (2009, SONY BMG)


Os sobreviventes de Seattle parecem não perder fulgor, nem vitalidade com a idade. Este quintento acaba por ser o último legado de uma geração de bandas pelo menos com este alinhamento, tirando Matt Cameron que foi baterista dos Soundgarden. De resto todos os actuais membros dos Jam estão lá desde a sua origem. Não deixa de ser curioso que na própria incipiência desta banda está um grupo de tributo, ao vocalista de Mother Love Bone da qual Jeff ament e Stone Gossard fizeram parte.
E volvidos quase 20 anos de carreira, um estilo que atravessou a decandência e o seu revivalismo relâmpago, e 10 discos, os Jam vêm sem grandes floreados, nem aspirações megalómanas. Nem essa foi atitude Grunge, porque apesar do som deles não ser o Grunge puro, a «filosofia» não deixa de comparecer.
Eddie Vedder não deixa de a sua voz esganiçada bem ao estilo de Do the Evolution? ou Stone sacar os riffs nitidamente rock. Os Jam são a mesma banda de sempre, a banda das guitarras - como se vê em Johnny Guitar, ou de inspirações humildes modestas como transparece em Just Breathe ou nas afinidades surfísticas de Eddie Vedder como Amongst the Waves que parece mais o Lado B de Given To Fly, Unthought Known um remix de Indifference, e Supersonic ou até mesmo The Fixer, um remake Not for You. Parece o mesmo gelado só que com sabores diferentes, só que daqueles que queremos provar todos os sabores.
Mas apesar de cada álbum deles ser uma cópia do anterior, os Jam tem a faceta nunca fazer cada álbum novo um álbum cansativo. E a cada novo trabalho são os mesmos velhotes em roupa nova. Quem não tem um pingo de saudosismo ao lembrar os tempos de liceu com Gonna See My Friend ou a Adrenalina com Got Some. E o facto de ficarem mais velhos nota-se cada vez mais a concisão dos trabalhos, talvez proque tenham medo de não conseguir acabar cada disco que começam. É um álbum passageiro, é verdade, mas mesmo assim não deixa de ser marcante.
Se há algo que se torna dificíl com os anos é manter-se fiél às raízes, inovando.

domingo, 20 de setembro de 2009

SIDEWAYS DE ALEXANDER PAYNE (2004, DISTRIBUÍDO POR FOX SEARCHLIGHT)



Sideways é um daqueles filmes que consegue mostrar os encantos de uma vida normal. Esse é o grande potencial dos filmes independentes. Têm uma boa história por parte de uma história que parece tudo menos extraordinária. Paul Newman rejeitou fazer filmes durante muito tempo, porque rejeitava aceitar papéis onde a importância da representação fosse diminuta. É aqui que os filmes de baixo orçamento acabam por triunfar.
Sideways foi produzido com um orçamento limitado de 16 milhões de dólares e acabou por render mais de o quintuplo.
Tudo gira em volta de uma cativante trama, entre dois amigo que decidem fazer uma despedida de solteiro juntos. Miles Raymond (Paul Giamatti um professor de Inglês, com uma carreira «promissora» de escritor, e Jack Lopate (Thomas Haden Church), um actor de filmes de série B e de televisão, com um apetite insaciável por mulheres. Engraçado que era este último que se estava para casar.
Miles por sua vez era um tipo reservado, pacato, introspectivo e muito renitente no que toca a mulheres. Por acaso conhece Maya (Virginia Madsen), empregada num bar numa auto-estrada caricata no sul da Califórnia, o the Hitching Post. Cedo se apercebemdo mútuo interesse por vinhos, sobretudo porque é amador.
A partir daí as coisas acontecem com naturalidade. Aliás o argumento é tão institntivo que nos põe a pensar na química que existe entre os dois personagens, que é normal.
Talvez a analogia do filme se reduza a tudo isto, avida é como uma garrafa de vinho, de aspecto normal e mundano, mas o interior de cada um é unico, cada colheita e bago de vinho. Cada um com a sua própria textura, veludez e acidez.
As coisas vaõ acontecendo num espaço de uma semana. Jack abre uma «Stephanie» (Sandra Oh) alegre e jovial, também ela apaixonada por vinhos e as coisas rápidamente saltam para o plano horizontal. Miles e Maya levam o seu tempo. Conhecem-se apreciam-se mutuamente, quase como se estivessem a provar um vinho. Até que Miles confessa que tem um Mont Blanc de 61 uma raridade vitivinícola. Aí éque o interesse mútuo por ambos começa a crescer, tal como um provador de vinhos.
Miles acaba por mostrar o rascunho, e apesar da sua falta de auto-confiança, Miles deixa transparecer o seu lado mais terno, mais humano. Não é de estranahr a maneira como Victoria aborda o seu ex-marido no casamento de Jack. Muitas vezes retira-se mais dos silêncios do que em milhões de palavras. Situação que Alexander Payne soube aproveitar com mestria. Até porque tirando Giamatti, os outros actores são menos promissores, ainda que talentosos. Até o próprio Giamatti era pouco conhecido até esta altura.
Outro dos pontos fortes do filme é o seu humor acidental. Como acontece muitas vezes no dia-a-dia e conseguimos retirar o cómico da situação. Após contar a Maya que Jack está prestes a casar-se esta apressa-se a contar a Stephanie. Que parte a cara de Jack a metade. Que acaba pelo Karma vingar-se em Miles estrangando-lhe o carro e obrigando-o a ir buscar a carteira a casa de uma empregada de mesa que o reconheceu.
Depois do copo entornado, Miles e Jack regressam da sua odisseia para contar a Chrisitine, noiva de Jack como as coisas correram mal, na vaigem de regresso com um acidente premeditado. Nisto Miles ouve notícias, passado algumas semanas de Maya, que apressa-se a visitá-la. Tudo para nos deixar num final em aberto.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DAVID GILMOUR - LIVE IN GDANSK (2008, EMI)



David Gilmour apostou fortemente na digressão do seu último álbum de originais On An Island. Para mim parece-me uma ordem natural dos acontecimentos que as Editoras Discográficas façam Eidções especiais por tudo quanto é disco.
Mas o passo mais marcante desta edição ao vivo não os seus inúmeros formatos, mas acabou +or ser um tributo a Rick Wright que deu o seu último contributo para a música e para o seu amigo e companheiro de banda, que o resgatou do isolamento após a forte querela interna que gerou The Wall. Fez 1 ano, nos meus 23 de vida que faleceu Richard Wright teclista e compositor dos Pink Floyd.
Mas quando Gilmour gravou foi em Agosto e este sempre confessou a sua paixão pela polónia, país que por sua vez tem fortes raízes culturais e que se manifesta pelo gosto de música erudita. Não admira que tantas bandas como os Dream Theater, os Tool tenham já fortes digressões por essas bandas e pelo Báltico fora.
O sentimento de nostalgia é forte. Começa logo com Dark side of The Moon revisitado, não fosse ele um álbum mítico. Speak to Me, Breathe, Time e a Breathe (Reprise) servem de mote imediato ao início do concerto. Mas isto é David Gilmour a solo e não Pink floyd camuflado e o reportório faz questão de demarcar isso, embora não pareça. De On an Island veio praticamente todo o alinhamento do 1º cd. Castellorizon, On an Island, the Blue, Red Sky at Night, A Pocketful of Stones (que quase faz lembrar a emblemática Saucerful of Secrets), ou The I Close My Eyes.
Live in Gdansk faz lembrar muito Remember That Night no Royal Albert Hall, com excepção da Particpção da Filarmónica do Báltico. num aspecto muito Score de Dream Theater, a Orquestra aparece na 2ª parte do alinhamento com os clássicos a serem revisitados, especialmente nouvelle specialle Echoes, que muitos jovens apreciam cada vez mais, sobretudo esta nova geração de polacos. Contudo, e para não ser tudo igual, Gilmour fez questão de fazer uma versão diferente desta vez, com um início acústico que dá um ar todo estranho ao épico. Rick wright reescreve assim um dos melhores solos de teclado. Pouco virtuoso, mas genial. Aliás essa foi sempre uma das grandes marcas de Rick Wright.
Cedo nos apercebemos porque todo o trabaklho a solo foi espectado de empreitada, porque a 2ª parte foi reservada para o saudosismo e Gilmour vai mesmo ao passado profundo para relembrar os Floyd de Syd Barrett com Astronomy Domine, os seus Floyd com Fat Old Sun e a despedida dos Floyd com A Great Day For Freedom e a exultação do período pós-Cortina de Ferro, afinal muita gente associou essa ideia a The Wall. Melhor acabou por ser a prestação do Sorcererful of Secrets que revelou na destreza de improvisação mágica em Shine On You Crazy Diamond e os seus incríveis dotes par tocar Saxofone, ao lado do velho companheiro dos Floyd, Dick Parry. Foi pena Portugal ter ficado de fora desta última venue.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

CASOS INSÓLITOS#1: LEI Nº 85/2009 DE 27 DE AGOSTO



Hoje aproveito para fundar uma nova rubrica de casos insólitos,neste caso jurídicos. Que ao menos o meu (dis)curso sirva para alguma coisa, nem que seja denunciar uns podres da da nossa actividade legisaltiva e também jurídica que vão ocorrendo aqui pela nossa bela pátria lusitana. É uma das vantagens de trabalhar num local onde se tem que consultar diáriamente o Diário da República.
Hoje trago-vos um mimo, quase imperdível. Todos os Partidos levam para as eleições como seu Bastião de Campanha a Educação. Curioso que tantos tenham feito pela Educação apenas em termos formais, que é alterar a lei. O Partido Socialista, em particular, o nosso amigo José Sócrates aprovou um mês antes de ir a votos a nova lei da Escolaridade Obrigatória. Entre muitas coisas alarga no seu art.º 2º a escolaridade obrigatória até ao 12º ano ou aos 18 anos de idade. Até aqui tudo bem.
O mais irónico vem a seguir no art 3º sob epígrafe Universalidade e Gratuitidade, onde diz que no âmbito da escolaridade obrigatória o ensino é Universal e gratuito, mas e há aqui um pequeno senão, a gratuitidade do número anterior compreende propinas, taxas e emolumentos relacionados com as matrículas. Para além do poder de fazer nomas vinculativas, o legislador assume aqui outro dos seus poderes, poder para o qual George Orwell nos alertou do seu devido perigo - o poder de definição de conceitos e do conteúdo das palavras.
Ao que parece, estamos todos a passar-nos por estúpidos, porque obviamente, a gratuitidade não se paga, mas se se paga e é gratuito então não é ensino. Nestas circunstâncias é sempre bom ter uma regra na Constituição que permita tanto redefinir o conceito de gratuitidade, ou poder no ínicio de cada legislatura eleger 10 juízes para o Tribunal Constitucional para que a seu devido tempo, quando o Presidente da Repúlbica, o Provedor de Justiça ou 1/5 dos Deputados da Assembleia se lembrem de suscitar a fiscalização da Constitucionalidade, a lei se faça passar com uma interpretação manhosa.
Tudo isto começou em 76 quando o socialismo andava aí em força, e a educação puramente gratuita era levada a sério. Hoje ficámos com um limite imanente da Constituição dificíl de alterar. Que fazer? Jogar com a lógica.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PORCUPINE TREE - THE INCIDENT (2009, ROADRUNNER RECORDS)

Em várias entrevistas, sucessivas por acaso, Steven Wilson eterno líder dos Porcupine Tree foi confrontado com a questão de estes serem os herdeiros dos Pink Floyd para o século XXI. As comparações são extremas e várias. Wilson respondeu que não gosta de ser comparado e afimrado no mundo da música como herdeiro de alguém ou estando na sombra de alguém. Apesar de ser um bom argumento para a afirmação de um artista, não podemos dizer que as comparações sejam descabidas. Mais até é uma comparação honrosa, tendo em conta que os Pink Floyd são consideradas entre uma das melhores bandas de todos-os-tempos. De certeza que Wilson levará isso em linha de conta.
A sua personalidade musical é tão forte que ele consegue ser um David Gilmour em voz e guitarras, um Roger Waters na composição (em especial a paixão por álbuns conceptuais), e ainda um Fernando Pessoa, com uma multiplicidade de facetas musicais extraordinária. Que eu saiba não é esquizofrénico, mas o seu poder criador não pode ser menosprezado.
Também não podemos ser redutores. Há mais pessoas que compôem os Porcupine Tree, tanto que Wilson fez questão de separar os seus projectos a solo da sua banda principal. Tanto que todos eles são marcas da corrente progressiva. Richard Barbieri foi teclista dos Japan ao lado de David Sylvian e Gavin Harrison integrou recentemente ao lado de Tony Levin e o mestre fundador Robert Fripp nos King Crimson.
As sessões de gravação começaram logo após a última digressão europeia que os trouxe cá em duas datas, nas quais Wilson desenvolveu o seu trbalho a solo e aproveitou para produzir mais alguns álbuns, inclusive Opeth. Barbieri produziu também o seu trbalho a solo, Harrison colaboru com os OSI e Colin Edwin foi pai. Foi logo em Fevereiro que a banda declarou que já estava a trabalhar no novo álbum. Como é natural nos Tree, todos os álbuns obedecem a um conceito base, a uma estrutura comum. Neste caso, Wilson continua a preferir abordar a vidfa humana através de uma lente crítica de uma psicologia comportamentalista (ou behaviorista). Com um começo um bocado caótico em Occam's Razor, não deixa de ser um bocado irónico que ao contrário do princípio da parcimónia (ou Navalha de Occam) a vida é sempre vista de uma prespectiva mais complexa ou complicada. O que se confirma em The Blind House «Free Love to all my sisters [....] You don't need to Know the secrets/Believe me».
Mais à frente Wilson assume uma postura bem mais introspectiva e reveladora do que seria de esperar noutros álbuns, por exemplo a solo. Normalmente Wilson tende a assumir a posição do hipnoterapeuta, mas em Time Flies fala-se da falta de tempo, da dele e de todos e da incapacidade de completar todos os nossos desejos, e das referências musicais. Não deixa de ser estranho como a referência a Sgt. Pepper dos Beatles pareça despropositada, apesar de ser uma referência fulcral a qualquer músico contemporâneo.
No épico, que não podia faltar, há espaço para a guitarra se soltar, como já acontecia em Anesthetize de Fear of a Blank Planet. As similitudes com a guitarra ecoante de Gilmour são nítidas, ou não se chamassem solos à Gilmour.
A falha parece ser a dificuldade de as melodias encarrilarem. A métrica parece estar desajustada, e por isso talvez possa demorar a encontrar a afinidade musical no meio do caos. Talvez essa seja mesma a impressão que queriam deixar ficar. Mas a faceta mais agressiva dos Tree não ficoud e fora, aliás remistura-se com as facetas mais calmas, num movimento contínuo. Octane Twisted é a oportunidade para rasgar e a distorção se soltar. Não deixa de ser curioso que Wilson faz questão que a sua voz seja melodiosa e contraste com o instrumental.
O disco parece um pouco disperso e coeso. Esperemos que seja daqueles que se vá entranhando com o tempo.
Ainda contém quatro músicas que foram escritas entre o período de digressão e gravação, Flicker, Black Dahlia, Bonnie The Cat e a excelente Remember me Lover.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MUSE - THE RESISTANCE (2009, WARNER BROS., HELIUM 3)

Se há alguma música, na carreira deste «trio poderoso» que os melhor pode descrever é Megalo-mania, do Origins of Symmetry. Naquela altura ainda estavam na rampa de lançamento, hoje andam em volta da esfera celeste com quasares cósmicos e cometas alucinantes. Os Muse querem estar um passo à frente na arrojidade do álbum seguinte, sempre tentando superar as melhores expectativas possíveis. Os dias da guitarra com riffs estrondosos e bem elaborados, o baixo com efeitos mas humilde, a bateria cheia de adrenalina e um estilo psicótico suburbano de Showbiz já passou. Mas por incrível que possa parecer, ainda se nota que é os Muse, muito embora a marca deles se tenha esbatido um pouco. Este vontade contínua de experimentalismo contínuo acabou por comprometer a própria criatividade dos mesmos. Hoje os Muse batem-se por estádios e salas espampanantes cheias de jovens prematuros, que se julgam maduros prontos para ouvir as teorias pro-conpiracionistas de Matthew Bellamy que se batem por substituir os Rage Against The Machine, mas com um estilo mais clássico.
Sempre que se falava do novo álbum Matthew Bellamy e o baterista Dominic Howard falavam de incorporar componentes de outros géneros como a música clássica ou estilos manhosos como o hip-hop que se disitinguem bem em Resistance e a comprometedora Undisclosed Desires.
E de repente, perguntamo-nos, já depois de ouvir Uprising, com a sua batida techno quase foleira, onde estão aqueles riffs manhosos, bem para esses posso dizer que ainda houve tábua de salvação em Mk Ultra e Unnatural Selection, mas preparem-se de seguida para regressarem ao Moulin Rouge da europa oitocentista com Bellamy a explorar os seus dotes no piano com I Belong To You / Mon coeur s'oeuvre à ta Voix, talvez como uma Ode ao país que sempre os acolheu bem nos primeiros anos de lançamento. Mas se as mudanças ficassem por aí estávamos todos bem, até porque é um reflexo de bons músicos um determinado ecletismo.
O que não se compreende é aquelas monumentalidades próprias para arautos magnânim os em United States of Eurasia que mais parecem os Queen renascidos como a Fénix. E o classicismo é mesmo a palavra de ordem quando chegamos aquela que seria a marca de algum progressivismo que os Muse vinham a desenvolver em Exogenesis. Pergunto-me como irão tocar tudo isto ao vivo.
Mas há pontos forte, e apesar de a guitarra ter isod negligenciada nalgumas partes, noutras supera-se. Exogenesis Pt. 1: Overuture é um desses bons exemplos, assim como Guiding Light. As capcidades técncicas de Bellamy não se ficam por ái, estendem-se até aos bons dotes no piano. Em Exogenesis Pt. 2 Cross-Pollination.
Um álbum que acba por não ser tão mau quanto isso, compensando alguns maus momentos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

EAGLES - LONG ROAD OUT OF EDEN ( 2007, LOST HIGHWAY RECORDS)


Os Eagles não foram, nem provavelmente serão uma banda do meu afecto. Mas temos que lhes reconhecer algum valor, sobretudo o seu profissiona-lismo. Obviamente o seu rock não pop, mas equiparável ao designado «soft rock» dos Chicago com aquelas baladas melosas, chegam quase a ser enfadonhas, fazem discos que parecem ser baladas mundanas de momentos quotidianos. O facto de Hotel California ser o seu único reflecte-se na incapacidade de produzirem algo mais do que aquilo. Long road Out of Eden, tem uma enorme panóplia de canções que nos consegue passar ao lado. Porquê? Porque não é nada que já não se tenha ouvido. Parece que os saloios californianos, andaram anos a compilar cançoes para depois nos encherem os ouvidos com um álbum duplo e 90 minutos de música. A música é agradável e tudo mais, mas é dos mais passageiro que existe. Não admira que sejam muitas vezes conotados como pirosos.
Depois são daquelas bandas que gostam de trocar as vozes como quem troca de camisas, o que nos leva a pensar onde está a voz de Hotal California e a trocar a autoria por uns Boston ou coisa que o valha. I don't want to hear any more então é ideal para clímax de novela, e Waiting in the Weeds idem, e What do why do with My Heart ou Do something, ibidem. Temas que fazem jus a boys bands, só que tocam bem os instrumentos. De certa maneira os Eagles são os quotas pirosos que criaram toda esta moda ranhosa e destrutiva. Talvez, esteja a exagerar na última para, mas a pecar po defeito na 1ª parte. Está bom que eles são músicos competentes, só que isso não justifica tudo.
Depois vem o fatalismo e a antecipação do futuro negro, juntamente com a tendência ambientalista. Isso sim é um ideal nobre, constatável logo na música de abertura com No More Walks in the Woods, e Waiting in The Weeds. A 1ª num aproximado dos Jethro Tull só que longe da potencialidade dos britânicos e o seu folk rock progressivo.
Apesar de algumas letras de assunto diferente, o quarteto falha por sempre se aproximar das paixonetas e dos corações partidos. Eu, pessoalmente prefiro Corações felpudos.
Alguma coisa muda, mas é mais para os lados de Prince, com Fast Company, com um funk sedutor e um falsete tudo menos original. Tudo música estereotipada. é incrível como alguns artistas conseguem fazer tanto daquilo que já se fez. Não admira que no Pavilhão Atlântico o pessoal começasse a adormecer ao fim de 10 minutos de concerto.
Tentam também criar o seu épico, résteas do experimentalismo dos anos 70 em que as músicas eram tanto melhores, quanto maior o seu comprimentos. Com este mote chega-nos Long Road Out Of Eden. Como não podia deixar de ser segue o compasso habitual. Não há um música que seja verdadeiramente rápida ou em ritmo acelarado tirnado a princeana.
Se quiserdes relaxar, este é o melhor, directamente para banda sonora de aula de yoga, tão relaxanta que até tira a moca a qualquer um.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

FESTA DO AVANTE - DIAS 3, 4 E 5 DE SETEMBRO, QTA. DA ATALAIA, AMORA, SEIXAL

Festa do avante significa mais do que um evento social. Como alguém disse, ela não pode ser alguma vez encarada como um Festival. Se o fizermos, a sua essência perder-se-á. Não é por acaso que se chama Festa. Obviamente que tem um grande palco, com vários outros distribuídos pelo recinto, um grande cartaz com muitos artistas, mas a Festa é bem mais do que isso. Começa desde logo pela diversidade de gente que se cruza pelos caminhos e ruas da Festa, pelas organizações distritais do Partido que fazem questão de trazer à Festa a gastronomia e os costumes de cada recanto do nosso país. O facto de haver Feira do Livro e do Disco, Partidos Comunistas estrangeiros convidados, artesanato, Teatro, Debates e muitas outras coisas. A Festa do Avante é um dos maiores eventos culturais do nosso país, senão mesmo o maior ao ar livre.
Desde há uns anos para cá, que em termos de cartaz, a Organização da Festa tem insistido na num cartaz acessível, mas mais abrangente. Este foi ano foi diferente.
Aproveitando sempre para potenciar artistas nacionais, assistimos a um afastamento dos gajos hip hop (Ufa que alívio!!!) e o Xutos, que não vieram com a cenas dos 30 anos para o Encerramento da Festa. Por outro lado, também temos sempre grandes surpresas com o cartaz. Nomes que nem sequer constam do nosso conhecimento vêm para dar grandes espectáculos. A começar logo pela Gala de Ópera, que este ano foi abençoada por São Pedro. Verdi, Mozart e outros grandes compositores foram homenageados por peças suas célebres numa Gala de Ópera soberba.
Mas a Música clássica foi um acto pouco usual, pelo menos, para o Palco Principal. Já em anos anteriores Tchaikovsky, Rakmaninov foram revisitados em Galas de Tributo.
A música que move multidões, em particular as mais jovens é, sem dúvida, o rock e todas as suas ramificações. Willie Nile foi uma das grandes supresas com o seu Blues Rock americano. Mas mais Blues provaram ser o remédio da melancolia com o sol de sábado a bater forte nos nossos rostos. Guy Davis deu o mote. Hazmat Modine também deram um excelente concerto no Auditório 1º de Maio com o seu Blues erudito, e com a especialidade de ter uma enorme tuba a fazer o som da viola baixo que ainda deixaram uma cover dos Rollign Stones.
Voltando ao palco principal, quem enchia os corações de alegria cada vez mais pop era «a banda do homem que vaia a todas» - os Blind Zero, com a sua anglofonia irritante e das suas aspirações a banda de covers originais dos Pearl Jam. Ainda ontem falava de futebol como ninguém na RTPN.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ALMAS LUSITANAS #3 - MÃO MORTA, CLUBE DOS POETAS MORTOS BRACARENSES - Pt.1



É tão difícil escrever sobre os Mão Morta, quanto mais tentar dissertar sobre eles. De facto, poucas bandas nacionais conseguiram elevar tanto as letras, misturadas com um som eclético, urbano e industrial, num contexto romântico oitocentista, transposto para o fim de século XX e para lá dele.
Muito do culto que existe em volta dos Mão Morta deve-se ao estrondoso poder de Adolfo Luxúria Canibal transmitir os pensamentos. Para podermos ter uma ideia, ele junta a transmissão de pensamentos filosóficos de Maynard James Keenan, com o negrume de Nick Cave e ainda um poder de dramatização como Peter Gabriel.
Mas não é só nas palavras que reside a força dos Mão Morta, é na música. Um sexteto composto por três guitarras e uma baixista bem conceituada, e um baterista dotado.
As raízes dos Mão Morta estendem-se até ao fim do Estado Novo e da Guerra Colonial, com o regresso dos retornados do Ultramar. A família de Adolfo era uma delas, de facto, ele nasceu em Angola. cedo veio para Portugal, onde se sediou em Braga, que eram as origens da sua família. Em 79 veio estudar para Lisboa, cidade onde se formou em Direito pela Universidade do Descontentamento, altura Faculdade de Direito de Lisboa. Cidade esta que demarcaria e bem a personalidade de Adolfo, como um cenário sujo, com o casal ventoso ou lado. Cernários urbanos que Adolfo nas suas viagens haveria de narrar tão bem no brilhante álbum dos Mutantes S. 21.
Reza a lenda que foi no baixo que já nem faz parte da banda que tudo começou. Joaquim Pinto surgiu com Harry Crosby juntamente com o baixista dos Swans, durante um concerto da banda em Berlim, que se virou para ele e disse-lhe «Tens cara de baixista». Esta motivação inseperada levou-o, juntamente com Mugel Pedro e o nosso amigo Adolfo a fundar os Mão Morta.
Adolfo recrutou ainda o seu amigo Zé dos Eclipses, colega dos Bang-Bang e AuAuFeioMau. foi em 12 de Janeiro de 1985 que os Mão morta se estrearam a tocar no Porto. Na altura Miguel Pedro passou para a bateria com a entrada de Zé dos Eclipses. Desde logo se notava a diferença dos Mão Morta. Não pela força vocal de Adolfo, mas pelo poder da sua narrativa, e da maneira como os sons levavam e criavam o ambiente sonoro das história.
Já por altura do concerto no Rock rendez-Vous se dera a entrada de Carlos fortes, 2º guitarrista e recebiam prémio de originalidade da extinta casa de espectáculos. O culto crescia já nesta altura, até porque nunca foram banda para grandes projecções.
O primeiro álbum só sairia em 1987 pela editora de João Peste dos Pop dell'Arte, Ama Romanta. Nesse mesmo ano actuariam com Nick Cave & the Bad Seeds, que os deixaria aos últimos bastante impressionados com o potencial do rock romântico negro dos bracarenses. O primeiro álbum verdeiramente emblemático seria, contudo, Corações Felpudos. Dava logo para ver a miscelânea que eram os Mão Morta. Tanto um hard rock agressivo, como Fado emborrachado de caixão à Cova, tão combalido quanto hilariante. Mas os Mão Morta eram malta para criatividade virtualmente sem limites. O.D. Rainha do Rock & Crawl (OD de overdose) foi álbum que pelas circusntâncias em que nasceu deixar-se-ia esbater na discograifa da banda, até à vinda do emblemático Mutantes S.21. Este disco é um dos mais apreciados pela audiência. Mostrou também a tendência dos bracarenses por álbuns conceptuais. em cada música, o narrador visitava uma cidade, e Adolfo conseguia, quase que como um Eça de Queiroz contemporâneo descrever espaços e pessoas com detalhe e vividez. Lisboa era o tema de abertura. E a decandência de um império era visível, as falhas de uma cidade corrompida, até à vida boémia (se bem que todo o álbum é vida boémia e auto-destrutiva) em Amsterdão (Have Big fun) e nas famosas noites de Budapeste, até Paris e Berlim. Esta é sem dúvida um álbum incontornável na carreira dos Mão Morta.