terça-feira, 29 de setembro de 2009

LEGENDARY TIGER MAN - FEMINA (2009, EMI/DISCOS TIGRE)

«The desire of the Man is for The Woman but the Desire of the Woman is for the Desire of The Man»


O Sr. Mil Projectos não acalma, continua com uma moca de speeds fenomenal, sempre com uma a mais dentro da cartola. Depois dos Wraygunn vem o projecto individual, o seu alterego, a sua outra face, do pinga-amor solitário e garanhão, mas uma banda de um homem só em simultâneo. De facto, não há nada comparável ao Lendário Homem Tigre, como diz muito bem a gata assanhada Peaches em She's a Hellcat. O Blues é o seu ponto de partida, e a imagem da mulher o seu assunto. Todas as canções são comparticipadas por seres do outro lado. Como um trovador dos tempos modernos que faz a sumissão e a veneração do culto feminino. Inclui, claro está o cover do original da Nancy Sinatra «These Boots Are Made For Walkin'» com a Maria de Medeiros.
Paulo Furtado aproveitou para desenvolver a sua mestria na guitarra melhorando o arpejo para conseguir sacar um baixo e uma guitarra ao mesmo tempo que usa caixa de ritmos electrónica. As coisas puxam um bocado para o estranho, mas simbiótico. Mas o poder além de um bom instrumental todo sacado do velho Paulo, são das excelentes prestações vocais destas musas. Becky Lee está estrondosa enquanto se mistura com a harmonia da guitarra, num blues/soul muito lento em «No Way To Leave on a Sunday Night». E Paulo Furtado deixa as vozes das Senhoras respirar, porque, de facto, elas são o centro de todas as atenções.
Todo o conceito afectivo gira sobre os vários perfis da Mulher. Umas mais agressivas como «Radio & TV Blues», a tradicional música de Legendary Tiger Man, ou a melodia carregada «Lonesome Town» da sua nova companheira Rita Redshoes, ou a rápida «the Saddest Thing to Say» com o excelente contributo vocal de Lisa Kekula.
Mas as boas canções não culminam por aqui. Todo o álbum está repleto delas. Uma das melhores conta com a prestação de Claudia Efe em «Light Me Up Twice». Para macho alfa, Paulo Furtado bem que reconhece a importância das mulheres na música, e de uma maneira ou de outra ele conseguiu que muitas participassem directa ou indirectamente, pela sua atitude rebelde ou introvertida e melódica. Reconhece-as não apenas como musas, mas como artistas de grande talento.

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