terça-feira, 22 de setembro de 2009

LYNYRD SKYNYRD - GOD + GUNS (2009, ROADRUNNER)


Os Skynyrd são daquele género de bandas clássicas que nunca esperávamos que ainda estivessem no activo. Mais são daqueles artistas de rock que por detrás daquela máscara libertina que todas as estrelas rock parecem transparecer, escondem um carácter ultra-conservador, neste caso americano bem ao estilo de Ted Nugent(o). Esqueçam aquela Amércia cosmopolita e avan-gard nova-iorquina ou angelina. estamos a falar da américa profunda e dos seus redneck fundamentalistas que enchem estádios e incentivam jovens americanos a combater por interesses de meia-dúzia de abutres.
Levou tempo a mostrarem-se. Quem diria que subjacente a este radicalismo estão os mesmos autores de peças tão aparentemente hippies como Free Bird. Tal como um livro que jogamos fora quando lemos um passagem absurda, senão ridícula. A música é também um veículo de ideias e transporte de mensagens, por vezes perigosas. Pelo que devemos sempre ouvir com um espírito crítico.
Todo o disco transpira uma inspiração retrógada típica de matarruanos e saloios. Defender a pena de morte é uma coisa; andar a exultar nos discos a defesa das armas e da sua posse como um direito inalienável é já outro nível. Pois para estes velhos macacos isto é o que representa o verdadeiro espírito americano, como fazem questão de frisar em «God + Guns» ou «That Ain't My America», como se a América fosse uma realidade de um só povo ou comunidade de pessoas. Se há coisa que a América é uma multiplicidade de povos e culturas. Se há coisa que eu quero relembrar do espírito dos pais fundadores é o primado da lei enquanto expressão da vontade popular e a igualdade de todos perante a mesma; a liberdade e tolerância; e a coexistência pacífica dos povos (o célebre vive e deixa viver). Mas aquilo que fica é um povo violento, agressivo onde se propagou uma verdadeira «cultura de morte», que fomenta a guerra e os interesses. este bem se podem juntar ao clã Nugent e ir tocar para os infernos de Hades, porque maiores que sejam os riffs, os solos de guitarra, ou variações de bateria, que já se ouviram todos no passado ou por mãos de outros artistas, são os valores que sustentam o perfil de um artista.
Isso, pelo menos para mim, conta muito. Tanto ou mais do que a melodia.

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