quarta-feira, 10 de setembro de 2008

THIN LIZZY - FIGHTING (1975, Mercury Records)

Quando pensamos na República da Irlanda a primeira coisa que nos vem à cabeça para além do Dia de St. Patrick, dos trevos da cerveja Guiness e tudo mais, em termos musicais lembramo-nos com certeza dos malfadados U2 e o seu pop-rock de mega sucesso mundial, e os Cranberries com o seu activismo político. Mas o cenário musical irlandês regride com grande valor alguns anos para lá dos anos 80 e da primazia dos U2. Se calhar, hoje, cada vez mais. Talvez em 1984, Phill Lynott nunca imaginaria que o seu trabalho seria apreciado pelos fãs do hard-rock e do metal como um Van Gogh. Phill Lynott é sem dúvida um mártire do rock e, ao contrário de alguns artistas, deixou-nos um grande legado.
Consta que Lynott já ao tempo de aproximação da sua morte, gostava que os Thin Lizzy fossem lembrados como uma banda de guitarras. Ironicamente, ele era o baixista da banda. Por esta altura, muitas bandas utilizavam na formação dois guitarristas solista e a par dos Wishbone Ash, os Thin Lizzy foi nesse panorama aqueles que mais se aproximaram da segunda formação dos Yarbirds (que já prosperava com dois reis da guitarra Jeff Beck e Jimmy Page, tentando fazer jus à já lenda viva Eric Clapton).

Fighting é o melhor exemplo do auge dos Thin Lizzy. A antecipar a sua obra-prima Jailbreak, reverenciado como um dos grandes álbuns hard-rock/heavy metal, Fighting traça o caminho de uma excelente criatividade. Escrito durante a ausência de Gary Moore da banda, a escrita da guitarra ficou a par do exemplar Scott Gorham, que juntamente com Lynott escreveu grande parte das músicas. Curiosamente o álbum abre com um cover de Bob Seger, Rosalie que os Thin Lizzy andavam a fazer a primeira parte dos concertos juntamente Bachman-Tuner Overdrive. Com um riff muito bem construído e a voz de Lynott, com o seu carisma próprio, caracterísitcamente masculina e com muita pujança. Os préstimos de Gorham, e o competente Brian Robertson superam-se em King's Vengeance e Suicide com os solos de duas guitarras a encaixarem perefeitamente. Custa a compreender como Gorham nunca foi reconhecido fora dos Lizzy, e raramente mencionado no mundo da guitarra eléctrica. De facto, o solo de King's Vengeance é dos melhores que já tenho ouvido. E apesar de ser o calista, Linott consegue muito bem controlar o seu fender Jazz bass, com um groove tímido, mas completo e bem construído. Mais seria difícil e, se calhar, indesejável, com duas excelentes guitarras a preencherem muito bem a música, para além de uma boa secção de ritmos por parte de Brian Downey que asegurou a compoisção de grande parte das músicas. Lynott apesar de frontman, sempre encarou os Lizzy como um grupo e uma espécie de joint-venture, onde mesmo o novato Brian Robertson participou com Silver Dollar. Fighting my Way Back é um grande exemplo da alternatividade das duas guitarras, onde cada uma assegura um ritmo mais heavy e outra um traço mais tradicional e folk, quase que uma guitarra de 12 cordas. a grande King's Vengeance é outro exemplodisso mesmo. Thin Lizzy é uma das poucas bandas onde se vê tão boa quimíca entre dois guitarristas-solistas. Primeiro do álbum dos Lizzy a cruzar no Top 100 britânico.

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