quarta-feira, 24 de setembro de 2008

FLEET FOXES - FLEET FOXES (2008, Bella Union Records)

Os Fleet Foxes no seu álbum de estreia já têm um nome e um alcance quase inesperado,pelo que se denota algum revivalismo das melodias pastorais e um renscer da música folk que não ocorria desde os finais do anos 60. Penso que a culpa será, muito provavelmente dos Arcade Fire, que introduziram no rock um espiritualismo medievalista através de coros fortes, e efeitos transcendentes através dos teclados e dos violinos brilhatemente executados. Pois bem, os Fleet Foxes aproximam-se dessa vertente com um forte pendor vocal, muito cristalino e guitarras harmonizadas.
Para ser sincero, pareciame que ao escuar Sun it Rises ouvia come All ye, o tema de abertura de Liege & Lief dos Fairport Convention. As semelhanças são notáveis, só que a voz aproxima-se mais dos mair My Morning Jacket, muito embora a atitude seja a mesma, jovial e alegre.
Os temas são curtos, bucólicos e pastorais, e vêm buscar raízes de música antiga e re-introduzi-las no panorama musical actual. O forte da secção instrumental reside nas duas guitarras e nos brutais coros vocais. De facto, o revivalismo bem conseguido aproximou-os de grandes bandas como Crosby, Stills & Nash, com um estilo muito barroco e tradicional. O potencial do grupo expandiu-se com entrada de J Tillman, que tem uma boa scção rítmica, muito embora limitada pelo estilo. Acrescentando elementos de percussão muito mais adequados ao estilo musical.
O álbum percorre uma boa disposição, invariável ao longo do álbum, e o potencial vocal dos coros chega perto de vozes como a de Jim James dos My Morning Jacket, sendo o estilo mutio similar, limpída e nitidamente masculina, e de Jon Anderson dos Yes.
O álbum está repleto de espiritualismo, e o seu expoente máximo reflecte-se em He Doesn't Know why, e as letras refletem uma inocência bucólica, típicamente pastoral, mas muito mais próximo de raízes europeias, do que propriamente do novo continente. Vê-se uma forte presença de malhas caracterísitcamente inglesas nos arranjos de cordas, muito visíveis em Herad Them Stirring.
O álbum é caracterizado ta,bém por falta de variações, sendo que as cançoes raramente são emotivas e bsatante simples, muito paisagísiticas, e quase sempre do mesmo andamento, reflectindo sempre um ambiente do campo como «Meadowlarks» (que recorrentemente me faz lembrar Grantchester Meadows dos Pink Floyd), havendo algumas mais impulsivas como Your Protector, que recorre a sopros magnifícos, e um excelente arranjo por parte dos teclados. O resto do álbum é bom e bastante uniforme e constante, mas as músicas que contêm são das mais bem eleaboradas do género. Os Arcade Fire por exemplo não são tão constantes.
Um excelente álbum, para marcar um pouco de diferença e óptima banda sonora para fazermos uma incursão pelo interior....

2 comentários:

Anónimo disse...

ainda hoje ouvi a white winter hymnal, que é para mim uma das músicas mais perfeitas deste ano.

Maria del Sol disse...

É de facto um excelente álbum, e os Fleet Foxes são a peça que faltava para dar sentido ao revivalismo folk do início do século XXI.
Como bem disseste, são a prova de que é possível, partindo duma tradição ancestral, criar algo de inovador. As semelhanças com os Arcade Fire podem não ser perceptíveis nas primeiras audições, mas existem e, ao que tudo indica, poderão ser o futuro deste género musical.