domingo, 13 de julho de 2008

OSI - Office of Strategic Influence

Quem gosta de Dream Theater acaba por adorar a música em toda a sua extensão. Podia dizer-vos agora as dezenas de bandas que os Dream Theater me levaram a conhecer seja por projectos paralelos, colaborações, influências, ou até mesmo, coberturas que costumam fazer nos seus concertos. Também por esta razão são uma das minhas bandas preferidas e elemento integrante da minha personalidade. O seu tecnicismo e estilo eclético, para além de uma enorme criatividade, fazem dos Dream Theater uma das grandes bandas, para mim pelo menos.

Um dos seus elementos, um dos maiores bateristas de sempre, Mike Portnoy é a par de poucas outras pessoas no mundo da música, um homem de mil projectos. Cada trabalho seu tem como que um selo de qualidade. Já tive oportunidadede me pronunciar sobre os Transatlantic, sobre os Liquid Tension Experiment, mas hoje é a vez de se falar de uma banda com um nome tudo menos casual - os Office of Strategic Influence (de agora em diante OSI). Estamos em 2003 e a guerra do Iraque acaba de rebentar, Donald Rumsfeld secretário de Estado da Defesa da Administração Bush, fala da criação de uma Agência de Estado destinada a prom0over relaçãoes bilaterais de influência geo-estratégica militar e política em matéria de relações internacionais entre Estados.
Jim Matheos (guitarrista da banda de metal progressivo Fates Warning) não poderia estar melhor acordo quanto à sua nova banda, e como tópico para um novo álbum. Com ele estava Kevin Moore (ex-teclista de Dream Theater e Fates Warning) que prosseguia a sua carreira a solo com Chroma Key . A conspiração política e militar servia de tema filosófico para um bom álbum de rock metal progressivo. O projecto não estaria completo sem a presença de Mike Portnoy, o aclamado baterista de Dream Theater, que estava ansioso para trabalhar com o seu antigo colega de banda e com um guitarrista admirável.
De facto, Office of Strategic Influence é sem dúvida um album peculiar, mas comum entre outros de rock/metal progressivo, de que se pouco conhecem de entre a editora Inside Out, Muito apelativo e escrito em tempo record, os OSI nunca chegaram a actuar ao vivo sendo que Mike Portnoy tinha por mãos a World Turbulence Tour e ainda a gravação de Train of Thought para fazer.
Genial foi a banda conseguir fazer uma música instrumental de 17 minutos, que resume o álbum praticamente todo, na edição especial sobre o título The Thing That Never Was (uma referência aos Metallica com The Thing That Should Not Be?), poque talvez fosse apenas um preâmbulo do álbum, nunca devesse ser lançado.
Para quem desconhece Fates Warning fica aqui com a possiblidade de ver um grnde riff meister em acção, brilhabnte executante das seis cordas mas muito pouco solista, bem ao estilo de Geoff Tyson dos T-Ride. A guitarra de Jim Matheos, que também coube a gravação do baixo, e a bateria são sem dúvida o grande forte do álbum, sendo que os teclados de Kevin Moore criam um bom abiente, soturno e misterioso, bem enquadrado no tema de conspiração política que rodeia o álbum. A abertura do álbum, The New Math He Said, começa com um riff poderoso de guitarra a seguir um discurso de Estado americano, que encaixa que nem uma luva, quase como se de uma banda sonora de uma Guerra-Relâmpago se tratasse (soaria bem como fundo da invasão do Iraque pelos EUA), as declarações do porta-voz da casa branca são geniais, a anteceder cada riff de guitarra «If you know where Bin Laden is, Just tell me where...». Grande parte das músicas contam com as vozes de Kevin Morre, bastante electrónicas e artificiais, aliás habitual nos Chroma Key. OSI e Horseshoes and B-52's ou Hello, Helicopter são exemplo da presença das vozes de Kevin e da sua visão orwelliana do mundo. Com certeza Ofiice of Strategic Influence poderá apenas ter uma concepção política desse género na sua base, onde Estados supremacistas e de grande extensão territorial impõe a sua hegemonia, para além de uma sociedade vigiada por poderosos meios electrónicos, onde o indivíduo é absorvido pelo Estado e pelo colectivo, sobretudo visível em Memory Daydream Lapses.
O álbum tem também boas músicas instrumentais, caso disso é a referida OSI, que abre o álbum e na edição limitada The Thing That Never Was. Um doas grande spontos fortes do áçlbum tem destaque para a intervenção da referência na cena do rock/metal progressivo, Steven Wilson, que trabalha no segundo maior tema do álbum Shut Down, com a sua concepção habitual de abstracção e alienação, neste caso num contexto de guerra. Os contributos vocais de Wilson são, de facto excelentes, ou não fosse ele quem é. Consegue-se ver neste caso aquilo que é habitual vermos nas bandas progressivas, falar sobre temas metafísicos e abstractos, que não é natural ver noutros estilos musicais. O estilo progressivo acaba por ser um estilo musical muito espiritualista e psicológico, o que não é de stranhar tanto pela atitude dos seus artistas comono desenvolvimento de grandes peças musicais.
Este seria contudo o único contributo de Mike Portnoy para banda, que continuou em Free, o que é pena porque a bateria de Portnoy era bem ajustada.
Na edição limitada pode-se ainda ver para além de alguns vídeos de produção um over de Pink Floyd na era psicadélica em Set The Controls For The Heart of The Sun, e de Neil Young com New Mama, e a brutal épica instrumental The Thing That Never Was.


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