quarta-feira, 2 de julho de 2008

Carnivale - Misticismo em Época de Depressão



Carnivale pertence a um elenco de séries da HBO que passaram um pouco despercebidas ao público português. Talvez por isso, juntamente com Deadwood e A Escuta, sejam daquele elenco as mais acessíveis para as nossas bolsas, mas nem por isso de menor qualidade. Lembro-me de ver alguns dos episódios que passaram pela Sic Radical, antes de comprar as séries.

Carnivale é um apelo à magia. Essa ideia é imediatamente frisada aquandoi da abertura da série, quando Samson, o anão gestor do circo ambulante profecia um passado quase biblíco e nevrálgico onde o bem e o mal se degladiavam numa batalha épica. Esse misticismo biblíco está presente, de uma maneira aproximada à que podemos rever em o Senhor dos Anéis, mas de uma maneira diferente, porque o sagrado e o profano convivem mundanamente de uma maneira psicologicamente perturbadora, e a série não deixa de caracterizar isso mutio bem, porque, de facto não há heróis nesta história, pelo menos nos princípios, e mesmo os que vão aparecendo não são perfeitos e muitas vezes deparam-se em que para fazerem algo de bom têm de produzir mal por outro lado. E o ponto forte da série é, sem dúvida, a conciliação entre o real e o mito, ou a magia.

A história começa num local inóspito e decadente, cronologicamente stuamo-nos na Grande Depressão de 1929-32. Um período muito conturbado, atravessado por enormes tumultos sociais, fome e revolta, a que os E.U.A. conseguiram responder sem uma revolução. Ben Hawkins (Nick Stahl)assiste à morte da sua mãe, e tenta confortá-la no seu leito da morte, mas esta afásta-o e repudia-o, ao que apenas mais tarde descobriremos o porquê desta rispidez e rancor. Ben é uma pessoa atormentada no espírito e devo dizer que as seuquências de sonhos são das mais belas e assustadoras que tive oportunidade de asistir. E, de outro modo não poderia ser porque os sonhos são laços ao passado de Ben e a um tal indivíduo de nome Scudder. Ben visualiza também outra pessoa nos seus sonhos, o Irmão Justin, um homem deuma profunda fé e força de vontade em Deus, cujos desejos têm uma estranha possibilidade de se materializar, mesmo que sejam de facto suspiros. Nem Ben, nem Justin se conhecem, no entanto visualizam-se um ao outro em sonhos, onde a dor e o sofrimento é predominante.
Ben trava então conhecimento com um grupo circense, denominado Carnivale, onde conhece Sofie, uma cartomante,cuja mãe se encontra num estado vegetativo, e indica-lhe que este tem um grande talento que se encontra desperdiçado. Curiosamente Ben Hawkins apesar do se estatuto de Avatar, é uma personagem bastante humilde, e muito poucos confiam nas usas capacidades. Inevitavelmente e, isso é o belo que a série nos transmite, é que todas as personagens são humanamente falíveis, com medos, dilemas, determinações, e sobretudo perdidas e a precisar de orientação. Os argumentistas brilhantemente conseguiram introduziram mitologia, que apenas na segunda temporada é completamente desmistificada, sendo que durante a primeira temporada as personagens vão-se apercebendo ligeiramente do papel que desempenham. O dilema moral do Irmão Justin que está mergulhado numa fé que em nada se encontra com o destino que lhe foi préviamente definido permanecendo o seu passado obscuro mutio graças à sua irmã, está muito bem retratado por Clancy Brown que está acostumado a representar vilões veste muito bem o cordeiro na pele de lobo.

Carnivale é uma excelente produção televisiva não apenas a nível técnico como também com um brilhante guião que concilia o mito, e mistura-nos nos nossos maiores medos sociais, nos sonhos e algures numa natureza humana animalística algo perdida.

1 comentário:

Nicolas disse...

PARABÉNS PELO BOM GOSTO!!! POUCOS SAO OS QUE POSSUEM QI NECESSARIO PARA ENTENDER E ADMIRAR CARNIVALE!!!
NICOLAS