segunda-feira, 12 de outubro de 2009

GONG -2032 (2009, WAVE)


Podemos pensar nos Gong como uma grande família de estranhos. Uma verdadeira Pedra Basilar da música moderna que se sediou nos arredores de Paris. Sem querer sou puxado para um universo alternativo, muito futurista. Tipicamente francês. Eles têm destas coisas, já se sabe. Lembro-me com frequência de Adolfo Luxúria Canibal e dos seus Meccanosphere.
Os Gong não seguem exactamente a sua parada, mas trazem à baila um França outrora muito vanguardista. Só fica a faltar os orgulhosamente francês. Parece que, hoje, todos se armam em Anglófonos e temos que nos render ao seu universalismo.
Como não podia deixar de ser há uma grande história por trás e  2032, vem no seguimento da Tirologia Radio Gnome. Se Acid Motherhood foi uma viagem corrosiva, em 2032 somos convidados a vestir os fatos de astronauta e entrar no Espaço Gong.
E é tudo menos linear, bem pelo contrário, do mais eclético que pode haver. Os primaços David Haellen, Steve Hillage, Gilli Smyth, Miquette Giraudy, Mike Howlett, e Didier Malherbe voltam à carga para continuar o legado de Radio Gnome. e soam a um Hard Rock estranho, com esquizofrenia bem típica da Geração de Orfeu.
Por detrás de toda esta mísitca e aventura espacial está uma crítica mordaz às sociedades modernas. è com aquela batida de tarola que entra de ronpante para dar lugar a um riff bem ao estilo de King Crimson. City of Self Fascinaton é o lado bizarro, de um mundo moderno, a patologia de Narciso, todos nós sofremos do orgulho contemporânoi de nos apaixonarmos pelo nosso nível civilizacional e nem parece haver banda mais eclética do que esta misturando gritos enlouquecedores de Miquette com o Rap de David Aellen.
Por detrás de toda esta maquilhagem vem o rosto desfiguarado da sobrevivência desenfreada, compoetição e selecção artificail. O toque intrumental dos Gong faz passar isso mesmo em «How To Stay Alive», a longa do disco, que mais parece um hip hop fanfarrão e brincalhão, que se assemelha ao lado B de HipHopapotamous vs. Rhymenocerous dos Flight of the Concords. Mas não se assustem que a Guitarra Mágica e cheia de alucinogénicos não anda muito longes. Foi só para deixar o Drum N' Bass de Mike Howlett e Chris Davis.
Nem a manipulação do corpo feminino e a exacerbação do mundo virtual ficou por caricaturar em Digital Gril. Ao que parece a adição do ser humano ao mundo digital pode ser um problema preocupante da humanidade daqui a uns anos. Mas entratanto os Gong tratam tudo com muito humor e mestria musical. Do princípio ao fim a música envolve-se num jazz obscuro com musica tribal, e uma guitarra que mais parece um Robert Fripp em Cirkus, com trompete e saxofone à mistura. Viagem de Ácidos mas com respeito.
Guitar Zero então só pode ser a mais pura das ironias para os «Querem-Ser» (Wannabes). E para os invejosos Steve Hillage até se mantém discreto, dando lugar a Didier Malherbe para um grande solo de saxofone e Miquette desperta a mente com o seu teclado ambientista que impressionaria o próprio mestre Rick Wright . E no entanto, aquela tenacidade, por vezes aborrecida, mesmo à Daft Punk, com frases repetitivas e electrónicas.
O verdadeiro épico, bem ao estilo o neo-prog rock dos Muse com apelo à grandiosidade clássica dos Rush em Wacky Baccy Banker. David Aellen não guarda nada, nem o estilo maluco dos Primus que tanto beberam destes. Loucura é a palavra de ordem, e quando menos esperamos, a música muda de ritmo e de compasso, como e passássemos de multiverso em multiverso. Fazem lmbrar os Primitive de Alternative Prison ou Tips & Shortcuts.
Um grande regresso do ano.


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