quarta-feira, 12 de agosto de 2009

TOMMY DE KEN RUSSEL (1975, INDEPENDENTE)

Tommy dos Who não foi apenas um grande feito musical. Foi também um precedente importante em termos musicais. A primeira e grande Opera Rock que viria a causar de imediato o fascínio e o mito nos fãs do rock, principalmente de rock progressivo. Descobriu-se que se poderia contar uma história através de um conjunto de músicas, dando-lhes um substrato e uma coerência base que os Beatles nos seus álbuns conceptuais nunca tinham deixado, com excepção, talvez, de Yellow Submarine.
Com muita surpresa, algums destas obras foram adaptadas ao cinema, sendo Tommy a pioneira. Só que com pouca surpresa, iria adaptar-se a um musical. De outra maneira também não poderia ser, uma vez que é o álbum, são as músicas que contam toda a história, que como vamos ver ajudam ainda mais a perceber os destinos do personagens. Quem conseguiu compreender The Wall na sua plenitude sem ter visto o filme.
Muitos futuros músicos oljariam para estes discos como obras soberbas, e deixariam a base, o «tapete» para posteriores obras.
Ken Russell era nesta altura um realizador experimentalista, como tantos que saiam dos mais recentes cursos das Escolas de Arte. a pensar sobre os filmes avassaladores e majestosos de Kubrick, como nas técnicas e nos recursos técncicos mais recentes.
Só que este filme tem um senão. Mais um engano premeditado. Quem conhece Tommy sabe que a história não se sucede depois da 2ª Grande Guerra, mas vários anos antes dela. De facto, sucede-se a seguir à 1ª Grande Guerra. Provavelmente terá sido propositado por parte de Townshend, que acaba por frisar um período bastante mais fulcral para a própria Grã-Bretanha, como também para as gerações de músicos (e não só) de Townshend. Desta feita, tommy é estranhamente similar a The Wall (ou o contrário) em, período e grande parte dos problemas da adolescência. Tal como Pink, tommy crescera sem pai que também era piloto da RAF. Tal como Pink, Tommy isola-se do mundo exterior, desligando os seus sentidos (ao passo que Pink cria um muro mental), só que com uma maldição lançada pela sua mãe e padrasto. Nesta última parte reside a diferença entre as duas obras.
Mãe de Tommy dá a luz a uma crinça orfã e tenta desesperadamente dar um pai a uma crinaça. Aqui vemos o drama social de toda a geração do pós-guerra, em que muitos não teriam uma figura masculina. Talvez essa liberdade doméstica desse azo a uma maior expressão liberal precoce nos jovens e ao surgimento da Geração Hippie.
O filme segue em larga medida a estrutura do álbum. Com os actores a cantar em pleno as músicas e melhor, com grandes músicos a participarem nelas e a adaptarem-na. TinaTurner é Acid Queen uma das tentativas para a cura dos males, que acaba por ser pior que o soneto. Elton John é o Pinball Wizard e Keith Moon, é de forma impressionante, Uncle Ernie. Destaca-se a participação de Eric Clapton em Eyesight to the Blind e de Jack Nicholson como médico de Tommy. Como seria de esperar cabe a Roger Daltrey o papel de Tommy. Aqui dá para ver o companheirismo dos Who. Ao contrário dos Floyd nunca houve querelas para quem queria assumir esse protagonismo, nm razões para ninguém se sentir atraiçoado. Muitas vezes nas bandas o dinheiro e os créditos levam a melhor.
Oliver Reed também se estreia aqui com um papel marcante. Sempre marcado como actor secundário em Hollywood, muitos de nós só o voltaríamos a ouvi em sonante no Gladiador de Ridley Scott como Proximo.
Townshend escreveria outra Opera Rock, só que desta feita seria adaptada a filme sem musical, com um guião para além das letras do álbum.

1 comentário:

André Sousa disse...

Hello My friend

Cheguei agora de férias. Relativamente ao filme Tommy achei-o muito mau´. Nunca sobeviveu bem à passagem do tempo. Ao contrário do disco que continua a ser dos meus favoritos.

Um Abraço