sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A DÚVIDA DE JOHN PATRICK SHANLEY (2009, DISTRIBUÍDO POR MIRAMAX FILMS)

Que dizer sobre este filme? A Dúvida é, sem sombra de dúvida, passo a expressão um filme que aconselho a todos. Um filme interiorizante, reflexivo, profundo, cativante e que mexe com as caracterísitcas mais porfundas do ser humano. quem o vê sabe que não é uma obra típica da 7a arte. Trata-se de uma «adpatação» de uma peça de teatro. Escrevo adaptação entre aspas porque é uma interpeetação autêntica, escrita e feita por quem a escreveu, ou seja, pelo seu autor original. Isso faz dela um relato mais natural, ou mais pessoal talvez, porque não foi tocado por mãos alheias. Sendo uma adaptação do teatro faz com que o foco nas personagens seja mais denso, e o trabalho dos actores bem mais importante. Devido, aos recursos técnicos que os artistas de cinema dispõe, a intensidade da dramatização tende a esbater-se um pouco.
O Padre Finnley começa a sua missa com um sermão cativante. Oxalá todas as missas a que tivesse assistido fossem assim. Com levantamento de questões. Obviamente, um discurso destes é pouco ortodoxo para a Igreja, que se recusa a ver o problema que subjaz a uma questão tão importante e tão pouco discutida como o da fé e o seu reverso, a dúvida.
Esse ortodoxismo, ou melhor, a falta dele, leva a que levante suspeitas no Colégio de são Nicolau, cuja reitora, a Irmã Aloysius, uma pessoa assaz austera e repressiva, e deva-se dizer deveras beata, daquelas que Eça de Queiroz detestava, envolveu-se numa cruzada para destronar a reputação e o bom nome do Padre Flynn onde o preconceito e a intuição feminina são as armas de arremesso para procurar uma certeza onde não ela não existe, nem onde possam existir factos que a possam suportar. A peça transporta para o cinema uma das características essenciais do teatro, o facto de levantar questões inquietantes, e neste caso bastantes dúvidas. Para mim o essencial do filme é até que ponto podemos julgar alguém sem termos elementos que o sustentem, que o suportem. Isto levou a que muito boa gente fosse queimada em autos de fé nos tempos da inquisição, que parece ser, para mim, o «rótulo» indicado a aplicar à Irmã Aloysius, que violou mandamentos essenciais para um Cristão para aplicar os desígnios do Senhor.
Todos sabemos onde todos este problema vai dar, aos Padres e às criancinhas, neste caso, meninos. O que é bonito, e essa é a beleza do Teatro, é que é preciso intuição, compreensão dos pequenos pormenores, a maneira como as lãmpadas se fundem, como a luz é usada para ilumniar dos personagens. Como as personagens se apropriam para uso imediato de objectos alheios como sentar-se na cadeira, abrir cacifos, as unhas por cortar. Todos esses por menores são essenciais para o desenrolar e o entendimento da história. Em cima de tudo estão as dúvidas, muitas suposições que não são comprovadas pela razão e que não conseguem ser sustentadas, como a questão da fé em si.

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