INIMIGOS PÚBLICOS DE MICAHEL MANN (2009, INDEPENDENTE)

Até lá, consegue supreender, fazendo pouco mas bem.
O último trabalho foi Miami Vice. Muitos foram os incrédulos que pensaram tratar-se de uma adaptação ao grande ecrã de uma série dos anos 80, linear, básixa e hoje conseiderada vulgarmente de pirosa. Pois poucos foram os que não ficaram surpreendidos com esta longa metragem. Com uma excelente prestação de Colin Farrell e a já conhecida colaboração com Jamie Foxx, os policiais tornaram-se o género por excelência de Micahel Mann. Mas não se trata de um policial qualquer. Trata-se de policiais com densidade psicológica profunda. Com drama social e pessoal. Com uma estranha cadência Shakespeareana. Nãso é de estranhar que todos os filmes de Mann tenham o seu cunho pessoal no guião. Ele tenta abordar o lado mais humano dos personagens, e o casting não é feito por acaso. Parece que cada actor é adeuqado para aquele traço psicológico. Se estudarmos a vida de John Dillinger, vemos como o talento de Johnny Depp é perfeito para o encenar e devolver à vida uma lenda dos anos 30. Cada personagem não é deixada ao acaso, e Mann rompe facilmente com o preconceito tradicional americano de «good and bad guys», que é obviamente errado, e que parte de uma falsa interpretação de uma teoria conseuquencialista da moral, com misturas de deontologia kantiana. Do género, nós estamos do lado certo da lei, pelo tudo justifica a nossa posição.

Por se tratar de um filme histórico, todos sabemos como culmina, e pode-se dizer que Mann fez um excelente trabalho. O detalhe histórico é impressionante, mesmo nas cenas de perseguição, no histórico das personagens. Poucos devem ser os pormenores que escaparam aos argumentistas. até porque o filme é baseado num livro não-ficcional.
Excelente é também a prestação dos restantes protagonistas. Eu não me arrisco a referir o antagonista - Melvin Pervus (Christian Bale) - porque para além de ele representar o lado feroz da lei, que tinha de combater com mão-de-ferro a criminalidade violenta organizada, como Hoover afirmou na célbre expressão italiana «tirar as luvas brancas», mas porque para combater os gangsters, foi preciso muita dureza. Marion Cotillard, estrela gaulesa que vestiu a Pele de Edith Piaf teve também uma soberba representação. Billie Frechette foi a eterna companheira de Dillinger que passou anos numa dura prisão do Illinois (nessa altura o sistema penal era mais suave para as mulheres, do que para os homens) por ter pactuado com os cirmes de Dillinger.
Escusado será dizer o nível de detalhe e aperfeiçoamento que tiveram os guarda-roupas, ao ponto de os célebres chapeús de feltro terem sido fabricados numa fábrica de S. João da Madeira. Os adereços, entre os quais os carros, as metralhadoras, os casacos, os óculos e os chapéus de palha, foram todos recuperados para recriar esta época mítica. Todos estes componentes e mais alguns fazem deste um grande filme. Com a marca de qualidade de Michael Mann.
1 comentário:
Ora Aí está o melhor filme deste Verão! Gostei imenso
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