domingo, 22 de março de 2009

QUEM QUER SER BILIONÁRIO? DE DANNY BOYLE (2008, WARNER BROS. PICTURES)


Qual a receita para um filme de sucesso e de premiação brutal pelos Óscares?

Ao que parece nem o próprio Danny Boyle esperava que lhe saísse este Ás de Espadas para o Óscares. Nem ele, nem os cinéfilos mais ortodoxos, mas Quem Quer Ser Bilionário superou tudo e todos com uma fórmula um pouco estranha. Quem vê o filme reconhece o estilo de boyle, mas esta longa-metragem é tudo menos convencional.
Quererá isto dizer que Hollywood que já piscou o olho ao cinem alternativo, está pronta para enveredar em Bollywood? Não creio, pelo menos por enquanto.
De entre os filmes eleitos, Slumdog Millionaire era certamente o melhor. Pelos menos para mim. Em Milk, que ainda não examinei, potencia-se o talento de Sean Penn, tarde, mas longamente reconhecido. Apenas nos seus 40 ganhou o Óscar de melhor actor secundário em Mystic River. Mais um liberal a figurar nos quadros de uma das academias mais conservadoras do cinema. Por enquanto as grandes produtoras têm sido afastadas das luzes da ribaltaneste caso, ou será que não? No fim de contas o prémio mais importante, o de Melhor Filme, é-lhes entregue, aos produtores.
De qualquer modo, podemos estar orgulhosos pelo facto de a União Europeia ter contribuído para o prémio de Melhor Filme, e ter sido bastante bem conseguido do ponto de vista técnico e artístico. É estranho ter sido prémio de Melhor Filme e não melhor filme estrangeiro, visto que os grandes estúdios apenas contribuiram para a distribuição do filme.
A realização é completamente Danny Boyle e, só por isso, já merece ser distinguido. Pela maneira mordaz, ríspida e crua, para além do humor característico que introduz nos seus filmes.
O filme é baseado na obra de Simon Beaufoy, que outrora completamente desconhecido, preenche a totalidade das estantes de livros comerciais. Também como Jamal, o protagonista, o livro ganhou a sua pergunta de 20,000,000 rúpias, ser adaptado para um bom filme. Provavelmente a fórnmula pode até nem ser nova, mas parece nova e está bem contruída. quem ousaria pensar que um miúdo das favelas de Bombaim, mais tarde Mumbai, conseguiria ganhar o programa cujo prémio favoece a cultura geral. Salim mal sabia ler, mas algo lhe guiou pirâmide acima até conseguir o «real prémio».
Quando tudo se despoleta nós ainda não temos acesso aos intentos de Jamal, vamos conhecendo o seu percurso, à medida que a pouco-criticada-Índia por desrespeito aos alegados Direitos Humanos, interroga de forma violenta, um pequeno chavalo que serve chá num centro de atendimento de chamadas.
Não que ele já não estivesse habituado à dor. Ele conhece-la e bem. E da mesma maneira que Renton mergulha na sanita da casa de banho mais porca da Escócia, Salim mergulha no esterco para ter um autografo do seu ídolo. Salim o seu irmão esfoçou-se para que o seu irmão mais novo nadasse na merda para o conseguire, no fim acabou por lucrar com o infortúnio do mesmo. Muitos episódios caricatos ocorrem pela vida de Jamal, muitos menos engraçados, muitos infelizes que por mero acaso, intencional ou não, marcam a resolução das respostas.
Estas coincidências e a análise imporbabilísitca do Destino fazem com que a estória, o conto seja singular. E depois, um pouco de romance, não superficial, mas profundo marcam o filme. Não só o amor carnal e até um pouco platónico, mas o amor-ódio fraternal entre Jamal e Salim que quer dar o instinto protector, e ser o patrono da família envereda-o por maus caminhos. Irwin Shaw foi decididamente uma referência para Beaufoy.
Apesar de filmado integralmente na Índia e querer retratar a dureza do cenário, do espaço circundante, o estilo de Bollywood ficou arredado até aos créditos finais. Que como seria de esperar colaram os espectadores aos sofás. De uma maneira irónica Boyle não deixou de pegar nesse aspecto. Ao que parece Bollywood não é ignorada mais pelo cinema ocidental.
Este aspecto realista e crítico estende-se mesmo ao prórpio elenco. É assim que a pequena Rubina Ali representa a alma-gémea de Jamal em criança, uma pequena criança dos bairros límitrofes de Bombaim.
Os restantes actores, sobretudo as crianças, integram-e bastante bem e conseguem impulsionar o filme de uma maneira plenamente autêntica. A ingenuidade, a perda precoce da inocência, a hisatória de Caim e Abel reinventada, esta mistura fina de elementos, de uma maneira especial fizeram de Quem Quer Ser Bilionário uma receita de Óscares, mostrando a crueldade e a brutalidade do que é nascer na probreza extrema material e morrer na pobreza de espírito.

2 comentários:

Anónimo disse...

bem...não preciso de dizer que concordo pois n?

ricardo disse...

:)

durante o visionamento lembrei-me instantaneamente do filme "cidade de deus"...por isso acho que o Danny Boyle não foi assim tão inovador...continuo a a
preferir o trainspotting...gostos!

ps-parabéns por mais um excelente post!