segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

RUSH - A FAREWELL TO KINGS (1977, MERCURY RECORDS)

Sempre reconheci os Rush como um grupo talentoso de músicos. Mas nada compõe a ideia até vermos o que apenas um trio de roqueiros progressivos pode fazer. Desdobrando-se em longos solos, e composições transcendentes, ficamos estupefactos como um grupo tão pequeno se pode transformar numa orquestra. Na verdade, os Rush partiram do hard rock puro, como um formação simples de guitarra, bateria e baixo. Mas a simplicidade acaba aqui. Já no álbum de lançamento os Rush tinham queda para composições extensas, e a célbre Working Man, é um ecelente exemplo onde Alex Lifeson faz um desfile de solos, acompanhado pelo baixo sistemático e preominente de Geddy Lee, cujos talentos não se resumem ao mero «4 cordas».
Os Rush são, sem dúvida, um dos melhores power trios de sempre, e quem falar neste tipo de formação, não pode evadir-se à menção honrosa que se deve a esta «santíssima trindade» canadiana do rock.
Entre o homónimo Rush e A Farewell to Kings já passou muita história. Antecede-se 2112, um álbum conceptual com a gigante 2112, brilhantemente concebida, e com uma magnífica entrada triunfal. A Farewell to Kings vem ainda no seguimento da mesma atitude. Muito progressivo, e com letras inspiradoras e fantásticas. Neil Peart, que além de demonstrar, mais uma vez, porque é dos melhores bateristas do mundo, abrange o seu conceito lírico e integra as Maravilhosas Viagens de Marco Polo, nas elaboradas texturas. Xanadu torna-se um clássico dos Rush, mas tão complexo que foi necessário reduzir e simplificar para que fosse mais acessível de tocar em palco. Na sua guitarra de 2 braços Lifeson saca uma malha memorável, à medida que Lee e Peart vão entrando. A música levou a que vários componentes fossem integradas na música, nomeadamente os teclados, que Lee viria a aperfeiçoar, e percussão expansiva.
De um forma tradicional, A Farewell to Kings incopora ainda outra música épica, repartida entre dois álbuns, a paranóia espacial de Cygnus X-1 é apenas a 1ª parte, completada em Hemispheres, uma das últimas preciosidades de uma era mágica. Mas os Rush nunca abandonaram as curtas composições, que permanecem sempre lá. Um dos melhores legados de A Farewel to Kings é Closer to The Heart, onde se denota a singularidade da voz de Lee, que para além de tecnicista, é malabarista da sua própria voz. Cinderlla Man é bem mais tranquila e melancólica, digna de mote para um filme.
A Farewell to Kings é, assim, um dos melhores legados, de uma época infelizmente longínqua. O título é, em si mesmo, uma ironia ao declínio.

Sem comentários: