quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O ADVOGADO DO DIABO DE TAYLOR HACKFORD (1997, WARNER BROS. PICTURES)


Este é um filme que interessa, particularmente, a pessoas que, tal como eu, tiveram a sua formação em Direito. Se bem que ficcional e preenchido de surrealismo, os diálogos e a representação do demónio a par de Al Pacino fazem de «O Advogado do Diabo», um filme bastante interessante, a par do próprio brocardo popular (provavelmente terá sido esse o fundamento do filme). O filme é uma adaptação da obra de John milton - Paradise Lost, entre as quais a mais célbre adaptação é a deixa do próprio Lucifer, «Better to Reign in Hell, than serve in Heaven».
Kevin Lomax (Keanu Reeves) é um advogado, que depois de exercer funções de assistente do procurador-distrital, torna-se num advogado de defesa. Ele detém um recorde imbatível de decisões a seu favor, nem uma derrota. Kevin detesta perder, e o seu recorde de decisões fazem dele um alvo de uma poderosa Sociedade de Advogados liderada por John Milton (Al Pacino). Kevin apenas sabe que tem de vencer o caso, custe o que custar. Muitas vezes este é um dilema profissional que atravessa os advogados, rejeitar o caso ou vender a alma opara ganhar a todo o custo.
Kevin tem um lugar reservado na Sociedade de John Milton, sem saber que já estava pre-destinado a fazê-lo. O ponto forte do filme é mesmo esse, é levantar a questão e, claro está, concedendo os devidos créditos à representação de Al Pacino, pois unca Lucifer teve um ar tão natural e tão humano como ele. A cena final de revolta contra Deus é espantosa. Ao contrário de Deus, o diabo participa no nosso livre-arbítrio, uma sedução constante, e muitas vezes ele tenta dissuadir-nos de fazer o mal, quase como se a semente do nosso pecado fôssemos nós próprios, ou se calhar algum de nós. Além disso,m a frase em que Lucifer se defende como o primeiro humanista é genial.....
De qualquer maneira Lomax defende e consegue convencer da inocência mesmo aquilo que parece indefensável, da criminalidade manifesta. Kevin consegue manobrar o castigo, deixando os culpados incólumes. Mesmo esses têm direito a defesa, defesa essa que pode manipular a realidade. Contudo, o contacto com a inocência da sua mulher, Mary Ann Lomax, que acaba por ser uma vítima da sua vaidade pecaminosa. O excesso da auto-confiança, acaba por ser a nossa maior fraqueza, que nos impele para vencer, seja qual for o preço dessa vitória.

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