terça-feira, 24 de junho de 2008

Sigur Rós - Með suð í eyrum við spilum endalaust



"With a Buzz in Our Ears We Play Endlessly", é esta atitude dos nobres vikings perante a música, e apesar de volta em 94 três amigos em Reiquejavique formaram a banda, pouco dela saberem e conhecerem, tornaram-se eruditos na música paisagística, não conseguindo abandonar o experimentalismo incessante e a descoberta reveladora que dela advém. Para além disso o Sigur Rós são das bandas mais orgulhosas da sua nacionalidade. Os seus temas em islandês são encantadores, apesar de não percebermos coisa alguma do que cantam, não deixamos de nos encantar de alguma maneira. Outro encanto dos Sigur Rós é a sua tendência para l0ongas composições, algo com que estou bastante familiar. Este álbum não é diferente, mas a sua atitude é bastante diferente, bastante mais jovial e alegre. A proximidade da música é simples e inocente, como costuma ser característica dos Sigur Rós. A inocência perdida e campestre presente desde sempre e em particular desde o álbum homónimo de 2002, é nítida nas suas vozes agudas, particularmente a de Jónsi denotam às vezes uma certa infelicidade instropectiva.
Contudo, Með suð í eyrum við spilum endalaust parece transparecer um pouco mais de optimismo e até, talvez, alguma leveza de espírito. A capa é símbolo de isso mesmo. Gobbeldigook começa num ritmo bastante compaçaso e acelarado, nas habituais vozes suaves de Jónsi. Ritmo que não abranda em Inní Mér Syngur Vitleysingur (Within me a lunatic sings), se bem que com um toque de piano bastante mais livído, fazendo realçar alguma pureza de espírito. Essa é a força dos Sigur Rós, transporar-nos para determinado sítio, para um local bucólico, e essa é geralmente a paisagem que transmitem na sua música. O facto de não entendermos o que dizem faz com que nos concentremos, sobretudo, na sua mensagem, e em toda a sua simplicidade são um projecto cheio de audácia. Porque aquilo que os Sigur rós acabam por nos transmitir são o que de facto eles realmente são islandeses, e essa a mensagem que comporta toda a sua música, caso é de Fljótavik e Straumnes, que se tratam nada mais, nada menos do que localizações da prórpia islândia, pelo que não deixa de ser um projecto artensanal, regionalista, mas nem por isso menos nobre, ou menos belo do ponto de vista estético. Através deles acedemos a essa natureza à qual muitos somos desafortunados por desconhecer.
Outro aspecto a realçar é algum melhoramento técnico. Vemos neste álbum algum amudericemnto por parte dos músicos, que agora se habituamram mais aos instrumentos, mas nem por isso abandonaram o experimentalismo que lhes é característico. Nota-se também alguma abertura por parte dos Sigur Rós a temas estrangeiros, caso de Festival, um dos temas mais longos e All Alright. Sem dúvida que as vozes e os teclados têm uma posição preponmderante na composiçã da música, e o piano é um forte elemento paisagístico dos Sigur Rós, que cedem um pouco, cada vez mais a essa cultura universalista que é a múica.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda não ouvi por acaso. Mas estou curiosa é claro.
Alguns dos pontos que focas são exactamente reflexos do receio que tenho em comprar o bilhete para o aguardado concerto.
A poesia da sonoridade, a língua, e a extensão das composições. Tudo isso me faz pensar se o concerto não seria bem melhor de assistir sentada no sofá da minha sala.

Joana

André Sousa disse...

Ainda não ouvi, para a semana deixo aqui a minha opnião