terça-feira, 10 de novembro de 2009

STING - IF ON A WINTER'S NIGHT (2009, DEUTSCHE GRAMMOPHONE)


O natal aproxima-se, e digo-vos já faz falta o inverno, a noites frias e um disco que faça lembrar este tempo nostálgico. Com o tempo todo trocado parece que o inverno está destinado a ser curto e rigoroso.
Não é toa que o velho Sting faz deste disco, um álbum natalício, bem mascarado, ou se calhar até não. Talvez um disco de natal eclético. Não é a primeira vez que me falam da qualidade de Sting a solo, que confirma-se em superioridade à sua eterna banda de rock new wave. Muito mais virado para o jazz e para os sons eruditos, com uma pedra de toque em músicas do mundo, If On A Winter's Night é a subtileza e o prazer de um passeio pela neve. Britânico como é, Sting vai buscar inspiração às profundas tradições celtas. Por isso torna-se um pouco um natal diferente, uma espécie de hibrídio cristiano-celta ou celto-cristão se se preferir.
Gabriel's Message ou Christmas Carol são um dos temas tradicionais que servem de ponto de partido para este passeio natalício, com Sting a puxar pelos cordões da voz, em cânticos profundos, bem diferente da voz que caracterizou como punk adaptado ao punk pop rock. Acompanhado por um coro Sting exorta aquele que é o anjo de maior contemplação e que anuncia o nascimento do Messias. As influências do Jazz não foram deixadas ao acaso, por isso os instrumentos de sopro não foram deixados ao acaso.
«Soul Cake», bem mais alegre, parece uma parada irlandesa para o natal, enquanto se prepara o festim de natal. There is No Rose of Such Virtue, por sua vez é uma viagem ao período medieval, com cânticos gregorianos, remisturados com batidas tribais e bandolins interessantes. Como não podia deixar de ser, os álbuns destas alturas não são inteiramente originais. Muitos dos seus temas são de inspiração tradicional, reaaranjados para satisfazer o ouvinte mediano, que quer preencher a sua banda sonora da consoada. E o álbum de Sting não se distingue desses, a não ser pelos arranjos interessantes e pela discrição que assume. E as influências são extensas e vão até à música clássica de Schubert com Hurdy-Gurdy Man ou J.S.Bach com You Only Crossed My Mind Winter. Mas Sting não se limita a fazer um mero cover, faz os arranjos e adapta as ideias a um conceito bem interessante.
A sua paixão pelos sons do globo reflectem-se em Christmas At Sea, inspirado num tema de Robert Louis Stevenson e a sua Ilha do Tesouro.
Bethlem down é a paragem dos Reis Magos, para um natal descansado e tradicional.


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