segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PORCUPINE TREE, INCRÍVEL ALMADENSE, ALMADA - 20.11.09


Pelo que se pode ver Steven Wilson e camaradas gostaram mesmo do nosso país, e do lado sul do Tejo. Depois de pouco mais de um ano de nos terem visitado, voltaram com um novo álbum na manga. Mas não era apenas um novo álbum. Era uma música de 55 minutos, um The Wall em versão individual e intensamente psicológico. Como Steven Wilson não ambiciona a grande palcos, nem espaços amplos, contenta-se numa pequena casa de bairro de Almada, que se tornou e permanece uma sala de culto. Só que agora com todas as facilidades de acesso de comboio e metro que recentemente renovaram na geografia da margem sul.
A 1ª parte deveu-se a mais uma das iniciativas de outra dimensão de Tony Levin. Ele e os seu companheiros trouxeram-nos pela mão dos Stick Men, uma orquestra sinfónica e moderna. Parece que fazem parte daquela variante maluca da ciência, só que no plano musical. Stick Men porquê? Porque o baterista e percussionista electrónica usa «sticks» (baguetas) para tocar, concerteza, a bateria, mas porque os restantes membros se serviam de chapman sticks, um instrumento de corda constituído apenas por um braço e com cerda de 12 cordas, calcadas por ambas as mãos. Aliados a fortes pedaleiras, este trio desconhecido para muitos, mas não todos ousou-se a tocar a «Firebird suite» de Strazinsky, ou como disse o mestre Tony Levin, tentaram. Mesmo assim ainda introduziram um bom  humor em «Supercollydal», a propósito da «Musical Sopa».
Foi só depois de um súbita aspiração do palco, para que Steven Wilson não cortasse os seus habituais pés descalços, e um minimog em forma de secretária vitoriana, chegaram então ao palco com o habitual ecrã branca no fundo do palco. Occam's Razor foi o tema de abertura para aquilo que se esperava assim que começou logo de seguida, The Blind House. Steven wilson disse-o peremptoriamente «and no we're going to play the 55 minutes Incident, I that's ok with you? / So we're goint to play with the shortest interruption as possible». Foi assim que assistimos à peça quase teatral musical com Steven Wilson a alternar frequentemente as suas guitarras, e a recorrer muitas vezes à sua guitarra acústica. Foi bom deambular pela tragédia de fanatismo religioso de um seita que encarcerou dezenas de mulheres nos Estados Unidos. E  essa componente visual não foi, de modo nenhum deixado ao acaso. Os Tree recorreram a extensos filmes, muitos bem elaborados, para ajudar a toda a narrativa que se queria contar. O clímax da 1ª parte centrou-se, sem dúvida, no épico de The Incident - Time Flies - um tema extraordinariamente bem concebido, como uma «Dogs» moderna reinventado, com um acorde acústico vibrante e que funcionou muito bem ao vivo. Depois do instrumental pirómano Circle of Manias e a blada de despedida I Drive The Hearse, os nossos camaradas birtânicos retiraram-se para um pausa de 10 minutos.
Regressando com um retorno (passo o pleonasmo) a um dos seus melhores trabalhos In Absentia quer tanta presença teve no ano anterior. Colin Edwin começa com 3, que é só colmatado pela já grande reverência nas percussões do mundo progressivo - Colin Edwin. E porque nem só de guitarras vivem as bandas, o Rick Wright discreto Richard Barbieri, Dr. Richard Barbieri.
Foi altura de revisitar então Fear of Blank Planet, músicas quais que já tinham sido tocadas no ano passado, Way Out of Here e Anesthetize, desta vez mais curta para caber na 2ª parte do espectáculo, que não tardaria em terminar.
Relembrou-se com alguma placidez, Deadwing, álbum que tem sido esquecido algumas vezes pelos Tree, sobretudo, porque lhes deu alguma fama. Especialmente Shallow que nunca tocam ao vivo. Mesmo assim ficou So Called Friend e ainda uma versão esquecida que ficou de fora de Fear of A Blank Planet, então relegada para o EP, Nil Recurring. Depois do Adeus ficou a promessa de regresso. Parece que gostaram mesmo de nós.


1 comentário:

André Sousa disse...

Que pena...este passou-me mesmo ao lado!
Quando decidirem vir à Capital, vou ve-los!