PROMESSAS PERIGOSAS DE DAVID CRONENBERG (BBC Films/Télefilms)

Há já algum tempo que ansiava por ver este filme. Como não o consegui ver no cinema a tempo tive que gramar a dissertação a favor dos Clubes de Vídeo que neste momento sofreram um abalo tremendo. Mas têm algumas vantagens, poupam espaço em casa.
Este acaba por ser apenas mais um filme de um aclamado realizador, como de um aclamado tema, o crime organizado com violência crua e mordaz, quase ao desbarato.
Quer dizer, o filme trata algo que não percebemos, mas que todos acabamos por perceber e tirando o facto de tratar de certas particularidades da Máfia Russa - os vory v zakone -, os atecedentes históricos contados através de tatuagens corporais, têm pouca relevância para o homem comum além disso. Porque tudo o resto é crime organizado que todos conhecemos, com violência, ilegalidade, crime e muito sangue. O que muda são os rituais, as ligações históricas à pátria, e o modo como se educa as gerações vindouras para o crime.
Mas talvez esteja a ser redutor. Talvez conseguisse ficar aqui a expor um sem-número de razões a apoiar o filme. A sua prespectiva teatral pelo facto de o filme se reportar a muitos cenários que se repetem no filme. a densidade psicológica e o facto de os russos, enquanto povo, trazerem consigo no peito uma enorme melancolia e dor de gerações podem mudar um pouco o ponto de vista que se focou no filme, e que tenta pespectivar esse lado humano com grtande intensidade psicológica na diáspora russa. Todavia, eu não sou técnico de cinema, por isso tento dar a mi nha opinião enquanto mero interessado.
Todos sabemos bem a que se dedicam estes grupos criminosos. Tráfego humano, exploração de jovens, prostituição, tráfego de drogas, eventualmente, contrabando. Isso não é novidade alguma.
Porém, existe, lá está, descendentes russos que se inseriram na sociedade britânica, integraram-se na mesma de um modo normal e comum. Estes, conseguiram optar por uma vida diferente do que aquela de despejar corpos no Tamisa. O filme consegue reflectir correctamente essa caracterísitca humnana de reflectir os costumes, o espírito de um povo, de um qualquer ascendente colectivo e que se transportam com essas pessoas para espaços e ambientes diferentes. Muito do filme revive em volta disso. Daquilo que as pessoas reflectem no Volkgëist e que não abandonam, pelo menos imediatamente. Então, na máfia russa fica maracado para toda vida na pele de um dos seus membros.
Anna Ivannovsa (Naomi Watts) é um desses lados e Nikolai (Viggo Mortensen) um mebmbro ambíguo do outro. Estes dois personagens vão trocando impressões e passando por coincidências premeditad

as que não dão em química alguma, à medida que Nikolai ascende na carreira de motorista para membro definitivo da máfia russa. Tudo começa, como seria de esperar, com o assassínio de um mafioso. Nunca nos apercebemos bem porque foi morto, só porque alegadamente foi morto. Mas por outro lado está bem observado, Nestes meios as coisas não jogam pelo que são e o propósito que servem, mas pelo que parecem e o pelo interesse que têm de servir.
Semyon é o líder da máfia russa que muito discretamente dirige o tráfego e a prostituição em Londres. Uma das suas «meninas» consegue fugir e dar à luz no Hospital de Trafalgar, morrendo em trabalho de parto. O seu diário é tomado pela enfermeira Anna que através da menina e da falecida mãe sente os seus laço refortalecidos à sua terra natal. Acaba por encontrar as ligações da jovem russa. Quase como subir a cadeia alimentar.
O resto é muito previsível, pois todos sabemos que existe uma ratazana no meio de tudo isto e que colabora com a Justiça. É disso que nos vamos apercebendo ao longo da história que acaba com um monólogo muito interessante e eventualmente um duleo com a própria consciência.
Um conto antigo, mas contado de maneira diferente. Contudo não é de se deitar fora, pois é capaz de nos fazer passar um bom serão.