terça-feira, 7 de julho de 2009

ALMA LUSITANA#2: PAULO FURTADO a.k.a. THE LEGENDARY TIGER MAN


Para estrangeiros como Jarvis Cocker e outros, Paulo Furtado parecerá tudo menos um português. Ao contrário de outros grandes artistas que explorar as raízes da música e cultura portuguesa, Paulo Furtado é um americano de criação lusa. Todo o seu histórico, toda a sua formação, enquanto músico, versa-se no blues e no rock norte-americanos.
Quando assisti pela primeira vez ao maluco talentoso, uma verdadeira banda de um homem só, deixei-me estar sentado para ver a energia que solta do magro conimbricense. De facto, as músicas do mundo de Paulo Furtado, são tudo menos folclóricas.
Munido até das guitarras mais tipicamente blues, (capazes de custar literalmente os olhos da cara) Gretcher, usadas por Senhores como Jack White ou Eric Johnson, o guitarrista dos Tédio Boys, revelou-se um instrumentista multi-facetado. um músico criativo como se encontra poucos. A sua primeira banda foi sol de pouca dura, e logo se saltava à vista o potencial de furtado, à medida que aspirava à Santíssima Trindade do rock - sexo, drogas e rock n' roll.
Muito individualista e focado no seu trabalho, Paulo Furtado elevou e aperfeiçoou aquilo a que se pode chamar a«one man band». Ao contrário de muitos que perseguem os canta-autores, que de facto não são bandas, ou até aqueles que recorrem a pedaleiras de gravação. Legendary Tiger Man é a verdadeira banda de um homem só. Podem crer que tudo o que sai das colunas é feito em simultâneo e ao vivo por aquele maluco. Munido de um bongo, pratos duplos e tarola accionada por pedaleira, microfone duplo e ainda uma gaita electrica. Servindo-se ainda da técncia do harpejo com uma 6ª corda mais grave, Furtado consegue reproduzir o som do baixo.
E não é fácil fazer uma digressão, ainda por cima com um músicas muitas vezes a rasgar, bem ao estilo dos Tédio Boys.
Só que as aspirações de Paulo Furtado não poderiam culminar aqui. Ele tinha que elevar o espírito do rock, remisturando-o com o gospel da América profunda sulista. Foi assim que surgiram os Wraygunn, o seu maior e mais célebre projecto, com especial reconhecimento no estrangeiro. Para isso o nosso próprio Jack White aliou-se a um dos maiores talentos musicais nacionais, a Raquel Ralha e ao competente Sérgio Cardoso, para fazer em termos de composição o oposto do seu projecto a solo. Uma banda plenamente composta, com percussão, teclas e set completo de bateria. Apesar de recentes contam já com 4 álbuns e dois reverenciados trunfos na manga: Eclesiastes 1.11 e Shangri-la.
Neste momento Paulo regressa à sua ferocidade solitária, para compor Femina, onde um pouco do seu charme machista, cede perante a sensibilidade masculina, a que Furtado consegue sempre conceder um charme místico e misterioso, muito ao estilo de David Lynch. Toda as músicas contam com participações de vozes femininas, esperando Paulo fechar com a participação da grande Marianne Fatihful. Sabê-lo-emos em Outubro. E para mais tarde o Sr. mil projectos regressará com mais vozes Gospel e riffs estridentes nos Wraygun.

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