quinta-feira, 6 de novembro de 2008

JOSÉ CID - 10000 ANOS DEPOIS ENTRE VÉNUS E MARTE (1977, PRODUÇÕES ORFEU)

A nível musical, este é dos (poucos) trabalhos que me dá orgulho e me faz sentir bem em ser português. Será mesmo das poucas coisas nas muitas porcarias que fizémos, em que soubémos receber influências estrangeiras, trabalhá-las e, neste caso, superar algumas delas. Para quem é leigo 10000 depois entre Vénus e Marte é um marco e considerado um dos melhores álbuns de rock progressivo de sempre e quem o ouvir, perceberá isso de imediato. Não admria que alguns admiradores japoneses estejam dispostos a vender uma raridade destas em vynil por mais de €300, o que já é considerável.
Depois deste trabalho nem se compreende como é que José Cid descambou para a músia popular, ainda que seja de boa qualidade, não chega, nem de perto nem de longe, ao ícone que este álbum representa na sua carreira. 10000 anos depois entre Vénus e Marte é a par de Mistérios e Maravilhas dos Tantra, o legado do melhor rock progressivo português. Isso é indiscutível.
O álbum tem um cariz conceptual, se bem que à partida não seja nítido, mas versa sobre um cenário apocalíptico em que os seres humanos se vêm forçados a abandonar o planeta Terra. Assim parte à Aventura espcail, bem na onda dos Pink Floyd e dos Yes, que usando a obra-prima de ficção científica de Stanley Kubrick 2001: Odisseia do Espaço, fazem ecoar os seus instrumentos pelo infinito da nossa imaginação. Talvez nestes factos se insira o carácter mísitco do rock progressivo, o de fazer apelar à nossa imaginação.
A Odisseia eclética do campesino da Chamusca perdura no agressivo Caos, com José Cid a demonstrar não epans excelentes dotes nos teclados, em especial, no domínio do Mellotron, cujo fascínio o fez inserir uma música no presente álbum, mas também nas guitarras. Para isso Cid teve a ajuda do experiente guitarrista que já tinha colaborado com ele nos Quarteto 1111, Mike Segeant. Sendo originário da nação fundadora do rock progressivo Sergeant sabia perfeitamente contextualizar o riff áspero e os acordes lírico de que O Caos precisava. Para além disso Cid demonstra a sua brilhante capacidade como liricista, e descreve a angústia de uma humanidade a enfrentar o Apocalypse « A tua cidade é uma vala comum / Todos os caminhos dão a lugar nenhum / Se tiveres que fugir FOGE / Se Tiveres que morrer MORRE, SÓ»
Mas nem só de artistas estrangeiros viveram as colaborações com Cid, se bem que Portugal estva num patamar evolutivo bem atrasado aos demais congéneres europeus. A contribuição de Zé Nabo na reprodução da Guitarra Baixo, e das guitarras nas restantes músicas. conta ainda com espanhol ramon Gallardo que demonstra bastante experiência no domínio da bateria e percussões.
A viagem da humanidade culmina em Mellotron, o Planeta Fantástico com um segmento de Baixo extraordinário e onde José Cid demonstra a sua mestria para os teclados, como um brilhante introdução instrumental.
Algumas edições contêm ainda um inédito Vida (Sons do Quotidiano), o habitual épico em todos os álbuns de rock progressivo em que se destaca uma humanidade que sobrevive ao dia do julgamento e encontra a paz no spaço exteiror.
Um legado português para a posteridade e uma marca das poucas, do nosso virtuosimo musical, depois de o escutarem dirão, com certeza, ainda bem que sou português.

1 comentário:

André Sousa disse...

Grande Disco! O Zeca Cid é o nosso Rick Wakeman do Ribatejo!
Está ao nível de qualquer trabalho dos Yes ou Gentle Giant