sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

TANTRA - MISTÉRIOS & MARAVILHAS (1977/2007, EMI VALENTIM DE CARVALHO)
A música portuguesa tem muitas pérolas escondidas e muitos tesouros ainda por revelar, que apenas conseguimos descobrir com alguma sorte. Dá-se pérolas a porcos.
Se Manuel Cardoso tivesse permanecido em Inglaterra, e aí fundado os Tantra, estes não seriam apenas uma banda de culto para os fãs duros de rock progressivo, mas, talvez, uma banda que perduraria até hoje como os Marillion. Em vez disso os Tantra representam a nata, não penas do incipiente movimento progressivo, cujo eles e um José Cid experimentalista representam o seu máximo expoente, mas de toda a produção musical dita «livre» que se fez a seguir ao 25 de Abril.
O ponto de viragem foi o concerto dos Genesis no dramático de Cascais a 6 e 7 de Março de 1975, em pleno movimento revolucionário de Abril, antecedendo o Verão Quente das nacionalizaçõese, que culminaria mais tarde com o 25 de Novembro, avizianhando-se uma terrível hipotética Guerra Civil com a cisão das Forças Armadas em apoio a diferentes movimentos políticos. Ainda por cima a digressão era The Lamb Lies Down on Broadway, que faria prolongar a Era Gabriel, até mesmo após a sua saída, em Wind and Wuthering com a saída de Steve Hackett.
Portugal anda va atrasado, como sempre, em relação aos restantes países da Europa, sobretudo a nível técnico (com excepção da Espanha que via também sob a égide de uma ditadura militar). Por isso Manuel Cardoso que vivera alguns tempos em Inglaterra decidira vir a Portugal tentar a sua sorte, pois o Britâncios viviam agora uma das fases mais medíocres do rock, com a invasão punk, e o afastamento dos «boring old farts».
Cardoso travou conhecimento com um erudito musical em órgãos e teclas, um tal de Armando Gama, e em conjunto formaram os Tantra. A estes juntaram-se Tozé Almeida, um baterista recentemente saído do conservatório e Américo Luís. Manuel cardoso designou o nome da banda pois à altura era um ávido praticante de Yoga e curioso das culturas orientais.
Os trabalhos preparatórios começaram cedo, e estavam desejosos de renovar a cena musical. compuseram dois temas que foram alvo de um EP - Alquimia da Luz, do qual faziam parte um tema homónimo e um outro de nome Novos Tempos.
Passado algum tempo, o grupo conseguiu um estúdio em Campolide onde ensaiavam de sol-a-sol, e mesmo pela noite dentro. Manuel Cardosos não tinha formação musical de raíz, mas a sua inspiração em Jimi Hendrix,e depois nitidamente, num contexto mais pessoal David Gilmour e Steve Howe conseguiu chegar a peças brilhantes como Aventuras de Um Dragão Num Aquário ou À Beira Do Fim, um épico clássico nacional. Cardos recentemente, aquando da reedição do álbum em cd foi sempre muito claro sobre as influências do quarteto em que há cabeça encontramos os Deuse sdo Movimento Progressivo: Pink Floyd, Genesis e Yes. Não é de estranahr, pois os técnicos musicais procuravam sobretudo estava nova variação do rock, onde a técnica e a criaitvidade são imperativas.
Tozé Almeida demonstra-o em Máquina da Felicidade, onde assistimos a um solo de bateria como poucos e único em Terras Lusas, e Armando Gama em Variações Sobre uma Galáxia.
mas como em tudo a música portuguesa degenerou mais rápidamente do que em outros países e a passagem do moviemento em Protugal foi mais curta, e tal como aconteceu a outras bandas, muitos elementos dos Tantra saíram para prosseguir carreiras de sucesso noutros colectivos. Foi o caso de Armando Gama no final do concerto estrondoso que deram no Coliseu em Novembro de 1977, para tentar a sua sorte na Eurovisão, cuja visãpo sobre a música, diga-se já, é muito restrita. Ainda-se seguiu uma outra pérola - Holocausto - com a entrada de Dedos Tubarão (Pedro Ayres Magalhães) que recrutaria Tozé Almeida para os funestos Heróis do Mar. Determinou o auge dos Tantra no final da década de 70.

Sem comentários: