quarta-feira, 30 de maio de 2012

LEPROUS - BILATERAL (2011, INSIDEOUT MUSIC)

Um dos melhores álbuns de 2011 que passou completamente despercebido.Tratasse-se de uma banda norte-americana, ou britânica, certamente o desfecho seria outro. Pelo contrário os Leprous são oriundos de uma zona a que tradicionalmente acharíamos um pouco azeiteiros. E acreditem, há algumas boas razões para isso.
Mas, talvez os Leprous serão os escandinavos -excepção que não confirmam, mas começam por se tornar a regra. Pense-se nos Opeth, por exemplo.
À partida até se pareciam passar por um novo LP, ou mesmo EP dos Mars Volta, sobretudo na faiza «Thorn». A capa icónica e bizarra dava tudo a entender, até o próprio som progressivo e contrastado poderia induzir que Cedric Bixler-Zavala mudara ligeiramente o seu timbre de voz. Mas, faltava qualquer coisa, o tom latino tão característico daqueles, e a tonalidade de um metal mais clássico, com um vertente mais nítida, e mais coesa, claramente numa identidade própria. Bilateral é uma revelação de um grupo em si mesmo.
Com umas guitarra muito directa, e uma bateria compassada, e com uma marca de coros vocais que vais buscar reminiscências aos Yes, ou Gentle Giant. Os Leprous seguem aqui caminhos trilhados por outras bandas, nomeadamente os Fates Warning e Queensryche que deram luz a um estilo que cada vez experimenta e descobre novas maneiras de se tocar o heavy metal. O Metal Progressivo acaba por ser um dos estilos claramente mais em expansão, e que mais ideias novas trazem para o metal dos dias de hoje.
A faixa Thorn é claramente a mais apelativa, e a presença dos Dream Theater, como é natural, não deixa de se notar, com a construção complexa das músicas.
Mas se estes são claramente um nome importante, os Leprous demonstram a sua diversidade de influências, e não me admiraria que Fantomas ou Mr. Bungle estivessem neles representados. Bem como os Opeth e o seu Death Metal não deixam de estar presentes com a diversidade dos atributos vocais de Einar Solberg (Teclados, Vocais), tanto a nível do falsete, como dos gritos guturais.
Se em Thorn escutamos o caos e a presença pujante do metal em Mb Indeferentia escutamos uma atmosfera mais clama, bem construída, com  o conhecimento musical discernido, com elevação a estados épicos. E como não podia deixar de ser, tinha de lá estar a faixa de longa duração de Forced Entry e Painful Detour.
O que é curioso nos Leprous foi a capacidade de rebuscarem as duas guitarras solo, e incorporá-las num contexto progressivo. Tendencialmente afastadas pelo duelo guitarra-teclados, a presença de duas guitarras presta aqui tributo ao metal hardcore. E em Waste of Air vemos a sua presença fundamental, de uma maneira bem mais consistente de que os novos wannabes, protegidos de John Petrucci, Periphery. E a diferença entre as duas, e o complemento das 6 cordas de Tor Oddmund Suhrke (também segundo vocalista) e Øystein Landsverk é visível.
E não é só nas guitarras que assistimos ao duas guitarras que assistimos a este dualismo. Os dois vocalistas, também instrumentistas dão uma versatilidade à banda, e capacidade de reproduzirem arranjos mais alargados e diversificados. Versatilidade que não falta em Mediocrity Wins, uma faixa bastante forte de Bilateral. Com um baixo bastante intenso, e mais umas vezes a variarem entre os agudos e os graves, fabricando uma faixa estranha, ainda que aprazível e que se entranha com o tempo, como todas as grandes músicas.
Temo que Bilateral não fará parte do mundo desconhecido durante muito tempo, sendo bem capaz de se tornar um álbum icónico em breve.

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