quinta-feira, 14 de junho de 2012

JOE WALSH - ANALOG MAN (2012,

Joe Walsh é sem que saibamos, uma lenda das 6 cordas. E há muitos por aí que tentam sê-lo, mas de facto Walsh nos seus quase 65 anos é digno dono do troféu. E calro está esta fase da vida não é indiferente a mutias artistas que viveram a sua vida ao máximo nos verdes anos.
Claro Walsh passou ali ao lado da geração hippie, e isso trouxe uma postura bem diferente para estes cotas que têm a atitude still hangin'.
Muitos de nós conhecem-no, provavelmente, pelo lançamento dos Eagles para o estrelato universal em Hotel California ou (como eu que primeiro estabeleceu contacto com ele na excelente banda sonora do grande jogo Grand Theft Auto San Andreas). E houve mesmo que tivesse experienciado os seus dotes na visita ao pavilhão atlântico. Mas se quiserem conhecer o talento, terão mesmo de se debruçar sobre este tour de force do blues/rock. só é pena que a voz que tanto tem de carismática, não tenha de emblemático. às vezes até parece que estamos a ouvir uma sobreposição dos Marretas ou da Rua Sésamo, especialmente na nova Spanish Dancer. Mas não faz mal, até tem o seu encanto, às vezes.... Mas o que se perde em garganta, ganha-se em instrumentalismo.
Joe Walsh vem da América profunda, e como é natural, o country não lhe é alheio. E claro está, filosofia saloia, o que comparado connosco está bem acima. Mas não sejamos demasiado duros com as concepções de vida de cada um, até porque Joe Walsh é um cara bem instalado na vida, grato por tudo aquilo que a vida lhe trouxe, - Life's Been Good - mas que não se contenta com os grandes sucessos do passado. Chamem-lhe um epicurismo pós-moderno, One Day At a Time, que quase faz lembrar o Take It Easy dos Eagles. Mas como estava a dizer, o americano do interior tem fortes convicções sociais e políticas, e Joe não é diferente.
Daí virem as sátiras caricaturais às sociedades modernas que Walsh olha, quem sabe, com estranheza numa perspectiva quase camoniana, ou quem sabe mórmon. No fundo, a crítica contra-corrente nem é assim tão descabida, e acaba por lançar o paradoxo do mundo digital, o distanciamento das pessoas, não obstante a proximidade das redes digitais.
Mas as incursões sobre o sentido da vida não terminam por aqui. E parece que este tema não é assim tão controverso para Joe, até porque, ao que parece, este regular Joe está bem grato pela vida. Desde que continue a rockar. E o exemplo está em The Band Played On e Family, duas faces da mesma moeda para os músicos, ou melhor duas famílias do mesmo artista.
E não fosse o sentido demolidor, lá tinha de estar um dos símbolos inegáveis da corporate america - a Wrecking Ball, mas não tão faustosa como a Springsteen, não deixa de representar o seu carisma mais speedado.
Mas quem quer ouvir Walsh, quer é guitarradas, e Walsh não se esqueceu de vós meus caros. Não é à toa que este velhote é 56º na lista da Rolling Stone para os melhores guitarrista.
Em Analog Man, Walsh continua a trazer grandes riffs e malhas do melhor que o country rock tem para oferecer. Agrada-me particularmente, a faixa inicial e o riff de contra tempo de Spanish Dancer.
E a versaitlidade, apesar da américa profunda, de Band Played On, mostra a faceta eclética de Walsh, tal como na instrumental harriosoniana India, que faz lembrar os momentos mais fervorosos de The Bomber.
Apesar de ser mais uma colectânea de umas malhas «fixes», Analog Man é um álbum em contra-corrente. Traz do antigo é que é bom, aliás, revisita o seu velho Rocky Mountain Way e Life's Been Good, com uma roupagem pouco diferente, e muita nostalgia no bolso. Deve ser a Alzheimer que afectou a criatividade do nosso compadre. quem é que se lembra de pôr clássicos num álbum de originais. Só mesmo quem ou quer encher chouriços, ou ter desculpas para andar na estrada... Mas para isso hoje não é necessário lançar novos discos!
Pelos bons velhos tempos, os cotas regressam.....

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