quarta-feira, 20 de junho de 2012

SMASHING PUMPKINS - OCEANIA (2012, EMI/CAROLINE DISTRIBUTION/MARTHA'S MUSIC)

Aos 45 anos, Billy Corgan é um homem capaz de carregar consigo um projecto de uma vida inteira. Um Axel Rose de uma maneira muito própria (só que musicalmente mais bem sucedido... e podemos dizer íntegro), Billy Corgan poder-se-á dizer é os Smashing Pumpkins.
Já sem qualquer dos companheiros de fundação do quarteto de Chicago, Billy Corgan segue o seu caminho, um pouco como os Killing Joke ou os Cult que se recusam a ser riscados do mapa musical.
Em Abril de 2012. Corgan falava sobre lançar um álbum dentro de um álbum. Ao contrário do que aconteceu em 2009 com Teargarden by Kaleidyscope, cujas músicas foram sendo lançadas uma por uma através do site oficial da banda (reflexo da crise discográfica que o mundo da música hoje atravessa), Oceania foi lançado numa apresentação mais coesa, mas nem por isso menos dispersa. Aliás, este era para ser lançado exactamente no mesmo formato, mas Corgan acabou por hesitar no fim porque a estratégia de marketing que havia sido produtiva no passado, inclusivamente com outras bandas (caso dos Radiohead) se havia esgotado.
Este tipo de atitude reflecte não só as discográficas, mas também da parte dos próprios músicos, (e talvez no limite até os próprios ouvintes) em saírem do formato LP. Conceito a que toda a indústria se tem agarrado desde meados dos anos 50, quando a música começou a representar um fenómeno social significativo.
Mas olhando para o álbum, com efeito, não distinguimos um fio condutor, nem uma marca especial que se realce nestes álbuns tão-pouco. Na verdade, todos os álbuns produzidos e escritos pelos Smashing Pumpkins, desde o fim do hiato de 5 anos em 2007, têm dificuldade em ultrapassar o simbolismo de Mellon Collie ou The Siamese Dream, as referências por excelência dos Smashing.
Oceania é um álbum sobretudo introspectivo, sobretudo calmo, mas com diferentes tonalidades, algumas até, quer-me parecer, estranhas a atitude dos Smashing. Vemos algumas reminiscências do passado como Pale Horse, ou The Chimera (talvez aquela que mais lembre os clássicos) e claro a faixa de longa duração Oceania. Mas também um importante pendor electrónico desconcertante, com se os Smashing devessem alguma coisa à pop, ou a busca aí de um cunho qualquer. Exemplos severos disso serão, talvez, Pinwheels, Violet Rays, One Diamond, One Heart.
Tirando, talvez, a faixa de abertura - Quasar - que acaba por ser um falso mote, que irrompe pelo álbum como uma tempestade marítima. Ficamos surprenndidos como o álbum de repente, desacelera, e torna-se numa calma atmosfera marinha. O nome poderá mesmo sugestionar um calmo e tranquilo passeio vespertino (ou matinal conforme a preferência) pela costa oeste do norte (considerando que terá sido este o ambiente de inspiração para Corgan).
Por outro lado ao nível das letras, há aqui um trabalho desenvolvido por Corgan, ainda que no âmbito da narração de estórias, não se demonstre nada. Oceania é mais um relato de estados de espírito, passado num ambiente bucólico onde se expressa amor platónico (My Love is winter) e uma absorção do individuo pela natureza, numa paixão muito camoniana (Wildflower).
Oceania é um álbum mediano, que acaba por ser um resultado de demonstrar trabalho, e alguma falta de inspiração real, para dar cor aos grandes feitos do passado.

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