quarta-feira, 13 de junho de 2012

FLYING COLORS - FLYING COLORS (2012, PROVOGUE RECORDS)

Há pessoas que circundam os meandros da música, que têm uma atitude eclética e abraçam a música como modo de vida, e necessitam de trabalhar com outros companheiros, que admiram, e respeitam. Podia dar alguns exemplos, mas um deles é certamente Mike Portnoy.
Fustigado pela máquina dos Dream Theater, Mike Portnoy libertou-se do fardo e do colosso que criou, e passou a dedicar-se aquilo que parecia há algum tempo querer dedicar-se, trabalhar com outros músicos.
Cada projecto a que se dedica, fá-lo com dedicação e quase como que uma curiosidade científica, de experimentar novas sonoridades com diferentes músicos, com historial e influências diferentes.
No final do ano passado saiu a experiência pelas incursões do trash metal/hard rock, com o grande Russell Allen. (O que me lembra que tenho algo a dizer a esse respeito. E ainda não o fiz).
O seu camarada Neal Morse é já quase convidado permanente. Mas estava-se mesmo a ver que só lhe faltava trabalhar com o ilustre desconhecido Dave LaRue (que aliás Portnoy já actuara, pelo menos, no G3 de Tokyo com o seu irmão dos DT Petrucci), e claro o mestre do 6 cordas Steve Morse.
O resultado uma mélange de influências estrondosa e é curioso, com uma enorme inclinação para o pop. Mas uma pop de elevado nível técnico.  Músicas curtas e concisas mas com um toque de Beatles que se encontram com os Led Zeppelin e os Deep Purple. Et voici Messieurs, vous avez des morceaux estrondeuses.
Feitas as apresentações, bem... quase. Falta a revelação deste quinteto. Portnoy que é sobejamente conhecido pela postura de agente, e actuante de bastidores, depressa foi buscar a revelação vocal (quase que num gesto à Ídolos) Casey McPherson, um cantor sulista, de timbre vocal próximo e harmónico com a postura de Neal Morse por sinal. Este que por sinal deu um enorme contributo para as letras. A atitude Beatleana polvilha praticamente todas as faixas. e quem os ouvir, parece revisitar Morse tanto a solo, como nos Transatlantic em todas as formas.
É interessante ver a maravilha de Blue Ocean, ou mesmo até Everything Changes, e para uma banda com um pendor instrumental tão significativo, encontrar um registo vocal tão grande. Tanto em letras, como em vozes, com Casey McPherson a ser auxiliado por tanto Morse, como Portnoy.
Ao passo que LaRue e Morse, dueto de Cordas, bastam para preencher o cenário instrumental de todas as vozes. E quem ouve o solo de guitarra de Everything Changes, pergunta-se onde é que eu já ouvi este Pertucci. Bem, quem ouve DT é que poderia fazer a pergunta de modo inverso. Alguém convidou Roine Stolt para o fim da faixa?
Mas se penso qu'isto aqui é só faixas alegres e sem speed enganam-se. Podem sentir o apelo do público em faixas potentes como Shoulda Coulda Woulda (que só tenho a lamentar o refrão que me parece mais pobre) ou Forever In A Daze (que tem um groove de baixo, f***-se!!!!).
E claro está quem é instrumentista e do prog, apesar da orientação mais pop deste supergrupo, não podia faltar a faixa de longa duração e têm-na na referência emblemática de Infinite Fire.
Claro está, Flying Colors é como aquelas equipas galáticas (à excepção dos DT mas isso é outra história), cheias de promessa, e até correspondem é claro, mas trata-se mais de uma aventura musical, do que de facto uma equipa. No fundo é mais uma experiência de criação musical, e parece ser mais daqueles projectos paralelos, uma raridade encerrada em si mesma. Faz-me lembrar os Them Crooked Vultures. Por isso quem tiver oportunidade de os ver, não deixe fugir essa chance, pois poderá não os rever. Eu é o mais certo.

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