quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ZZ TOP - LA FUTURA (2012, AMERICAN RECORDINGS)

De todas as bandas sulistas, os ZZ Top são para mim aqueles que têm maior significado pessoal. Com uma atitude muito simples e directa, eles fundem o blues com o rock da melhor maneira, e sempre com perspectiva muito fronteiriça, quase mexicana, que distanciam-nos um pouco dos red necks puros e duros.
Para além disso são uma banda sólida, com um estatuto lendário, e uma imagem confundível, os ZZ Top podiam encostar-se calmamente, e gozar o resto da reforma ao som La Grange ou Tush (para mim, claro, tem de lá estar Brown Sugar). Sobretudo depois dos depressivos anos 90, em que os grandes dinossauros do passado foram arrecadados, a vaga revivalista de meados dos ano 00 trouxe-os de volta à baila e para o palco principal do rock. No entanto, no que toca a lâminas, nem pensar.....
La Futura, (antecedido pelo EP de aquecimento Texicali) é um álbum muito ortodoxo, e muito clássico no sentido mais apurado do termo. Aliás para quem já vai no seu 15º álbum e com quase 40 anos de carreira, inovar não é pórpriamente o seu lema.
No seu próprio sentido, pode-se dizer que não fogem àquilo que os sempre caracterizou, e definiu, até mesmo na afinação dos instrumentos, particularmente da guitarra... a omnipresente guitarra 
Em primeiro lugar, a capa, mais parece saída de dois rabis e um franciú, que vão passar umas férias ao México, demonstra aquilo que estre trio representa, e o que os faz continuar.... um colectivo bastante coeso.
I Gotsa Get Paid podia ser um álbum directamente extraído The First Album, ou Tres Hombres. Com um riff muito bem construído por Gibbons, ao típico estilo blues rock sulista.
Quando convidado a falar sobre o álbum, Billy Gibbons falou da diferente aproximação imposta por Rick Rubin. Em vez de cada instrumento gravar a sua parte, e a voz por sua vez. Ao invés disso Rubin propôs que os ZZ Top se apresentassem como eles próprios, todos juntos a tocar numa sala, sob uma luz vermelha.
Rubin já tinha travado contacto com Billy Gibbons no passado, mas nunca houve a oportunidade de fazerem uma colaboração efectiva. Quando Rubin disse que queria os velhotes do Texas a trabalhar (como se fossem suas bitches), Gibbons ficou surpreendido com a ideia, e apresentou-os aos outros camaradas.
Volvidos 9 desde Mescalero, os Rangers pareciam estar a precisar de retomar a sua actividade.
Consumption, que já vinha sendo tocada ao vivo há algum tempo, parece disparada directamente do First Album. Tal como Brown Sugar, com um tom funky, mas mais leve, as músicas demonstram exactamente a força e o carisma de Billy Gibbons, com uma voz rouca e preenchida, tipicamente blues, aliada a uma guitarra de sonho. Heartache in Blue, por sua vez, revive o toque da harmonica,
Mas nem só de Blues vivem os ZZ Top, Fly High mostra a faceta mais roqueira dos texanos, que ironicamente fez a sua estreia ao mundo pela mão do astronauta da NASA Mike Fossum, apesar de It's too Easy Mañana se aproximar bem mais do space rock, com o solo fenomenal de Gibbons do que esta.
Em suma La Futura é mais um marco na carreira dos ZZ Top, o símbolo do que eles representam, e sobretudo um reflexo no espelho daquele trio que parece sobreviver ao teste do tempo.

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