quarta-feira, 6 de junho de 2012

RUSH - CLOCKWORK ANGELS (2012, ROADRUNNER RECORDS)

Quase 40 anos de carreira, um dos primeiros trios poderosos da história da música, aliaram o hard rock ao prog rock, e já contam com 19 álbuns na sua discografia.... Quem diria.
Muito incógnitos nestas paragens, mas mereciam final de noite num dos alinhamentos no Rock in Rio. E tinham uma boa desculpa para isto. Fizeram um concerto memorável no Rock in Rio, inclusivamente lançado em DVD, e com um título bastante sugestionável - Rush in Rio.
Mas quem conhece a organização do RIR, sabe que é o potencial comercial do alinhamento que fala mais alto. Assim se conheceu o cartaz de 2010. Mas não denigramos muito, pois 2012, foi um ano estrondoso no RIR. E ficará certamente a mágoa no meu pensamento de ter perdido uma hipótese memorável de ver o «Boss». E por aí estamos conversados.
Bem... voltando ao que interessa. Os Rush estão 40 anos mais velhos. 38 anos desde que lançaram o poderoso homónimo Rush, e decidiram voltar-se para as raízes.... isto é hard rock do bom, poderoso, e extremamente bem executado. Snakes & Arrows não foi diferente, e estes cavalheiros não dão sinais de abrandar. Quem ouvir Caravan ou a faixa homónima Clockwork Angels perceberá o que quero dizer.
Outra faceta deste álbum é o impacto que o regresso às digressões teve na força criativa do trio. Ao contrário do passado em que os Rush criavam álbuns de originais como quem lança novas colecções, agora naturalmente mais pausados, os álbuns saem mais planeados e com as interrupções de uma idade que parece querer acusar. E sim, parecer é o predicado adequado. A vitalidade dos Rush mantém-se, e não lhes falta o ecletismo e a pujança. Geddy Lee mantém o seu forte cunho vocal, e o seu baixo não lhe fica atrás. Aliás, Lee é o alicerce que explica a capacidade de um trio poder ser uma banda progressiva, compor aquelas músicas épicas. Este baixo não é uma 2ª guitarra (ouçam Headlong Flight), é um instrumento que preenche e tem o seu próprio protagonismo. E essa característica é visível desde sempre. Mas se prestamos tributo a Lee, não nos podemos esquecer da importância dos outros elementos, um génio em cada área. Lifeson mantém o virtuosismo de outras áreas, e destas 6 cordas saíram alguns dos riffs mais memoráveis de sempre. E quem ouve a introdução de Carnies ou até de Seven Cities of Gold, parece quase Lado B de Working Man. Ao vivo esta faixa é um estrondo, e a bateria de Neil Peart é seguramente uma das melhores que já foram tocadas. Sinceramente quem os ouve percebe a presença e a importância que os Rush têm na música.
Como estava a dizer, este álbum surgiu como uma enorme surpresa, e temos de nos ir habituando. Pois revela-se uma estratégia com alguma eficácia para a disseminação na internet que arruína as vendas das discográficas. Lee que em 2010 reconhecia uma crise de falta de inspiração, conseguiu compor umas 6 faixas em poucas semanas. Mesmo assim, e apesar de porem à disposição as faixas de Bu2b2 e Caravan às audiências, o resto do álbum levou o seu tempo a produzir. Tal se deveu ao tempo que os Rush têm vindo dedicando à estrada, situação que implicou o adiamento do álbum. Não admira que Lifeson recusasse um álbum conceptual. Clockwork Angels, ao contrário do que o título pode sugerir, é uma boa colecção de músicas, Rush style. E podem crer que o estilo dos Rush está bem presente. E há uma marca que acompanha desde Snakes & Arrows. Portanto como vos disse, é Rush eléctrico no verdadeiro sentido. Se quiserem revisitar Rush era sintetizadores, podem contentar-se com Halo Effect.
Dito isto pergunto, quando é que a magia dos Rush toca em Portugal?

2 comentários:

Anónimo disse...

O Rush nunca tocou no Rock In Rio. Aquele concerto realizado no Rio de Janeiro foi um show da banda e não parte de um festival ou algo do tipo.

Refugee disse...

Obrigado pelo comentário.....