quinta-feira, 21 de junho de 2012

JACK WHITE - BLUNDERBUSS (2012, THIRDMAN RECORDS/XL RECORDINGS)

Aos 36 anos Jack White (nascido John Anthony Gillis) é já um acontecimento musical, uma lenda do rock.
Membro de 3 grandes projectos musicais (um deles está findo, é certo); Dono da sua própria discográfica que encetou um ciclo de produção de discos contra-corrente (3rd Man Records só trabalha com vynis); está pronto a relançar a sua carreira musical a solo, e toda a gente quer trabalhar com ele, até os Radiohead estão radiantes com isso e anunciaram-no publicamente durante um concerto.
Já para não falar que White é um dos músicos mais talentosos, tecnicamente arrojado, e inovadores que existe actualmente.
White foi inclusivamente nomeado embaixador musical de Nashville.
O que acho mais interessante em White é a capacidade peculiar que ele tem de juntar o moderno e o clássico, e isso é notório em Blunderbuss.
Para começar pelo próprio nome retirado de um Western reinventado, esta espingarda de cano largo reflecte a energia explosiva do álbum, mas também o lugar especial que as armas de fogo representam na mitologia norte-americana. E Jack White agarra-se isso. Melhor, ele é parte disso.
Em Blunderbuss temos oportunidade de reescutar a concepção musical de white que, aliás não se distancia muito dos White Stripes. Está lá tudo. A guitarra frenética, o organito, talvez com um pouco de toque mais sulista, ao jeito de Nova Orleães [Trash Tongue Talker ou Hip (Eponymous) Poor Boy], e uma bateria não tão minimalista. Mas todos nos habituámos ao som característico de White, seja a nível instrumental, ou vocal.
E Blunderbuss está cheio de grandes malhas, algumas para rasgar audiências como a introdutória Missing Pieces (que me faz inevitavelmente lembrar Raconteurs), ou a já clássica Sixteen Saltines e Love Interruption.
Mas White demonstra que não só vive letras e atributos vocais. Muitos consideram um dos guitarristas mais criativos e emblemáticos modernos, e Freedom at 21 é prova disso mesmo.
Recentemente, e com o fim anunciado dos White Stripes, um dos grupos incontornáveis dos últimos anos, falava-se da substituição pelos Black Keys, um espécie de Doppleganger, sobretudo depois do afastamento dos White Stripes.
Mas o que a música prova todos os dias, é que há espaço e sucesso para todos aqueles que, de facto, têm uma veia artística. E tanto White como os Black Keys tem o seu espaço merecido no sucesso, bem como as sua criatividade dá-lhes muito mais reconhecimento de que a sombra que poderiam criar uns sobre os outros.
Blunderbuss permitiu a White cimentar o seu espaço e abrir o livro sobre os White Stripes, facto que deixou o mundo em choque em Fevereiro de 2011. Não foi uma jogada fácil revelou White, mas o facto é que Meg não conseguiu no final lidar com a pressão, e com a falta de confiança na sua performance como baterista. Essa situação levou a própria a um cenário depressivo que acabou por comprometer a presença da banda.
Julgo que os White Stripes era o projecto de vida de White em determinado sentido. E ele sabe também que não o podia prosseguir sem Meg, que é inevitavelmente parte da identidade da banda. Com este espaço, White é a presença de um homem que já fez o Grand Slam da música, e não dá sinais de afastamento, tal como os residentes de Nashvillhe continuam a fazer o seu El Camino.

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