Depois de uma actuação estrondosa em Paredes de Coura, e de serem anunciados como um dos cabeças de cartaz dos Festival Paredes de Coura 2008, os Mars Volta regressam em nome próprio, e com um banda bastante modificada. Já não seria de estranhar que a banda de apoio dos Mars Volta mudasse, porque afinal os Mars Volta são um dueto, ao fim e ao cabo. Mas na digressão de Noctourniquet apresentaram-se como quinteto.
Sucede pois que as duas vezes que nos visitaram, as coisas não correram de feição. A questão é que os Mars Volta têm um ego artístico muito forte, e como tal, não cedem a pressões....
Primeiro foi porque não podiam fechar a noite, tendo que ir tocar para o caiar do sol, perdendo assim uma hora de actuação. Quem acabou por salvar a noite foram os Wraygunn. Tudo por causa da logística, diziam eles...
Desta vez, depois de entrarem às 22:15/20, mais coisa menos coisa, estes meninos foram se deitar sem sequer haver encore. Muita gente ficou especada à espera que regressassem, a puxar, valentemente, mas foi sol de pouca dura, pois estes meninos estavam com sono, e ficaram de enfiar a viola no saco muito cedo porque o vitinho já estava a passar. Confesso que nesse dia até estava deveras cansado, mas puxa, todos gostamos quando se esforçam por dar um bom espectáculo.
Quem conhece Mars Volta sabe que o assunto não se arruma por aqui. Estes texanos são o jazz, que viaja ao espaço e regressa ao México em forma de chicano rock. Bem é quase isso..... porque há muito ácido à mistura. Os Mars Volta são uma banda diferente, disso não há dúvida. E fazem questão de o transparecer em palco, sob a forma de improvisação, que deixa a audiência no sentimento de Mas que ca****o!!!!.... Pera aí é agora.... Epá é aquele riff. Até que no fim só dizemos: «Epá toca aquela!!!!». Eu compreendo que pessoal instrumentista goste de tocar música improvisar, criar uma mística. Mas pergunto: «Qual é o sentido?» quando se tem tão bons discos e quando os álbuns já têm tanta mélange e bizarria à mistura.
Especialmente quando estiveram ausentes destas paragens tanto tempo, podiam revisitar Octahedron, e tocar mais músicas de Amputhectures, e prestar mais atenção ao Bedlam in Goliath que tão boas malhas tem. No fim de deambularem por Noctourniquet, que explora o fauvismo e o cubismo musical ao limite, e que facilmente é ultrapassado pelos anteriores, os Mars Votla preferiram deambular pelas várias faixas do disco, até que a adesão da audiência só se aprecebeu e aderiu ao movimento com The Malkin Jewel.
No fim de contas quem se esforçou para dar um espectáculo interessante foi a banda de abertura. Mais um acto suportado pelo pequeno génio musical de Omar Rodriguez-Lopez. Apesar de o proto-punk pós-moderno não ser da minha afinidade, o empenho da vocalista e da baterista foram notáveis. Desconhecidas, mas esmeradas, verificou-se que a preparação do público para o acto final foi um acto que levaram bastante a sério. O mesmo não poderemos dizer dos anfitriões.
Claro houve sempre tempo para a actuação especial do vocalista Cedric Bixler-Zavala, com os seus impulsos frenéticos, num Jim Morrison e Elvis reinventado. Tirando o resto fiquei um bocado receoso pelos 30€..... que voaram pela carteira. Bem, se calhar, fica a lição dada, ou talvez não.
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