quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CASINO JACK DE GEORGE HICKENLOOPER (2010, ART TAKES OVER)

Viva companheiros. Há já algum tempo que não vos escrevia e espero que esta hiatus tenha contribuído para novas e mais inspiradas ideias da minha parte.
Em parte, devido ao delírio da febre, fiquei preso às 4 da manhã a ver este «doc-drama».
Muitos não gostam do Kevin Spacey, mas desde que vi Recount, e claro Se7enm Spacey tem estado nos trabalhos mais controversos e no campo do cinema de «intervenção» por assim dizer, demonstrando-se como um dos actores mais prolíficos e com uma queda inata para escolher argumentos. Aliás, isso diz muito dele como produtor.
Passando ao que interessa. O filme faz questão, de frisar, de imediato, que a história se baseia em factos verídicos. E mesmo que nos tenha passado um pouco despercebido (duvido com a influência que o Conan já tem por terras lusitanas). Como é natural, a trama tem que ser bem delineada e orientada para que se perceba um argumento que normalmente envolva crimes de colarinho branco. Especialmente, os de escala federal.
A frase mais controversa, e aquela que mais choca os nossos brandos costumes, é que um lobista, como o nosso amigo Jack Abramoff, judeu republicano convicto, jurista graduado pela Brandeis University, é a profissão e actividade de um lobista está protegida pelo direito de petição (right to petition and adress the government for grievances), isto é, é um modo de exercício de um direito, e portanto tem tutela constitucional. Por consequência é legal. Dúvido que os Pais Fundadores do E.U.A. tenham previsto as implicações da 1ª Emenda, ou que ela pudesse ser vista, como destrutiva do próprio sistema. Comprar alguém, significa peticionar por um determinada peça legislativa?
Bem, o filme começa pelo fim. Jack Abramoff cai no fim de uma ascensão megalómana, finalmente se vê preso na sua própria armadilha, julgado pelos mesmos que fez chegar ao poder. Desvirtuado da razão.
Quem viu Capitalismo - Uma História de Amor, ou mesmo Wall Street - The Money Never Sleeps, sabe que a personagem principal não é em si, uma pessoa real ou fictícia, mas a moral ou o perfil moral do ser humano, aqui em foco a ambição, nem sempre boa, e desmedida, nunca boa.
O foco desta longa metragem cabe no talento de Kevin Spacey, um actor afastado do enfoque das luzes das grandes produções megalómanas, e bem, sempre dedicado ao cinema independente, não só financeiro, como em termos de argumento. Jack é assim caricaturado, como um homem de grande poder nos bastidores em como não podia deixar de ser, um homem cheio de paradoxos, e brilhante nas falsas verdades, e nas frases-chaves da política americana que, inesperadamente, lideram sempre os mesmos à vitória. «E o Povo paga isso?».
E o poder, significa influência, que sempre há-de chegar ao dinheiro que, por sua vez, compra mais poder. Até o ciclo ser interrompido, e aquelas peças de xadrez que foram cuidadosamente colocadas no tabuleiro, se viram contra o jogador. E, mesmo assim, tinha o jogador costas bem quentes, e grandes amiguinhos. Mas, e nisso temos de ser abonatórios dos americanso, uma vez expostos ao público e á justiça, ter amigos não chega.

Sem comentários: