Headspace poderá para aqueles que se movimentam fora do movimento progressivo, como mais uma daquelas bandas de tótós, alunos de conservatório, e todos aqueles geeks que se dão ao trabalho de não ouvir música mainstream.
Pois bem, o movimento progressivo continua a senda capaz de entregar aquilo que sabe melhor fazer - narrar estórias. Os Headspace fazem-no bem, e aprenderam com os melhores. Aquilo que podia muito bem ser um argumento de um filme distópico, apresenta-se como a banda sonora do armagedão.
Portanto, estamos perante um disco muito ortodoxo, muito fiel ao estilo que se quer fazer representar. Os Headspace são, por isso, uma banda que não procura o seu estilo. Já o encontraram e fizeram uma obra-prima do género. Mas esta obra não nasce do nada. Traz consigo alguns dos genes dos melhores talentos do género. A bordo desta aventura, Adam Wakeman, 2º filho do célebre teclista dos Yes, Rick Wakeman, está responsável pelos teclados. E Stalled Armageddon, demonstra o compromisso de Adam para o género. Temos um bom trabalho por partes das guitarras é certo. Mas os teclados é que pintam o quadro de um futuro aterrador em I am Anonymous. Mais adaptado ao metal progressivo, do que propriamente o rock sinfónico a que o pai estava habituado. Mas faz um trabalho bem feito, o que não é de espantar com o currículo que traz na bagagem, desde colaborações com Roger Daltrey até o guru Arjen Lucassen.
Outro talento a expandir-se é a do vocalista Damian Wilson, que demonstra os seus dotes de projecção vocal, e sobretudo um registo limpo e definido, de tenor mais clássico. A voz articula-se bem com os teclados, visível em In Hell's Name, onde Adam tem o seu mote para se expandir.
Claro que um projecto destes que demorou bastante para se pôr de pé, o EP de lançamento I Am... foi registado em 2006, não se lançaria sem um guitarrista. E apesar de Peter Rinaldi não ultrapassar o brilhantismo de Wakeman, faz um trabalho competente ao sedimentar a paisagem sobre o qual se pinta a história.
I Am Anonymous é como tal um álbum conceptual, e o que se quer veicular é uma história, a já clássica do holocausto da humanidade que entra em guerra total entre si, e de como se tenta sobreviver após o holocausto.Portanto o cenário é negro, e é aqui que o contributo de Rinaldi entra na sua máxima força. Ao entregar uma atmosfera carregada, e negra. Numa perspectiva mais rítmica, o estilo de Rinaldi assemelha-se muito ao de John Petrucci dos Dream Theater, o que mais uma vez demonstra a presença, o respeito e iconocidade do quinteto de Long Island no movimento.
A originalidade não é mais uma vez o forte deste álbum. E talvez soar como outras bandas talvez seja o seu maior defeito. Mas também não é isso que os Headpsace pretendem, soar a algo de novo. I Am Anonymous é um produto de um estilo, e não se quer fazer passar por outra coisa diferente. Por isso quem procura algo de novo, de fresco não o encontrará aqui....
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