Quando apareceram em 2009, os Diabo na Cruz (que sempre foi um projecto de vida do então já sólido cantor a solo Jorge Cruz), representaram uma autêntica lufada de ar fresco na cena musical portuguesa.
Quando questionado sobre o seu projecto, Jorge Cruz afirmou que os Diabo na Cruz representavam o roque (sim rock, mas mesmo lusitano) português. Tal como os Brasileiros haviam arranjado maneiras de reinventar a bossa nova com novas musicalidades, assim se propuseram também os Diabo na Cruz.
Para mim, soou como música estridente, e o brilhante Virou! explodiu, ainda que subrepticiamente, na cena musical portuguesa, e na minh'alma lusitana. Precisávamos de uma banda assim e talvez de muitas outras. Virou! em simultâneo com o combate EP, posteriormente reeditado em formato especial, sabia a tudo, até a pouco. As músicas muito bem, construídas, tinham um ar irreverente, roqueiro, e sobretudo, bem português.
Isso foi o que mais me apelou em Diabo na Cruz, o sentimento de pertença e de identidade que se demarca em toda a sua força e plenitude. As letras são belas, coerentes, e denotam que de facto, o português é uma língua bela e com aptidão musical, capaz de ter uma atitude bem roqueira, sem soar a foleirice. E apesar de apreciar o valor artístico de certos músicos portugueses, há que admitir que o contributo de bandas como os Diabo na Cruz é maior do que o dos rendidos à cultura externa.
E para quem poderia pensar que estava aqui sol de pouca dura, eis que os Diabo na Cruz voltam com Roque Popular, e com uma tarefa tudo menos fácil - igualar Virou!.
A vantagem surpresa, estava à partida ultrapassada, e já com B Fachada fora do barco (para se dedicar aos seus álbuns cada vez mais merdosos e que também já em nada contribuía para a viola braguesa), Roque Popular acabou por se revelar uma pérola, um clássico da nova música portuguesa. Porquê?
Bem, podemos dizer que de facto Jorge Cruz é um tipo que se interessa mesmo pela música portuguesa, e com a colaboração preciosa dos dois Feromona João Gil nas teclas (simplesmente fenomenal), e Bernardo Barata no baixo, as coisas tornam-se mais fáceis. Aliados à bateria omnipresente e plenamente adaptada ao folclore português de João Pinheiro, estão no caminho certo para continuar a cruzada.
A acompanhar a saída de Fachada, para a Viola Braguesa, e para a percussão, foram os recém-chegados Márcio Silva e Manuel Pinheiro, ambos com um currículo respeitável.
Sete Preces, primeiro single de estreia, mostra que os Diabo na Cruz não são bandas para fazer compromissos, nem precisam tão-pouco. A sua música reflecte a sua natureza. E se Sete Preces são uma reflexão sob a natureza portuguesa, já Luzia é uma manifestação da nossa melancolia natural... «Vim às Festas da Sra. da Agonia».
Bomba-Canção é, por sua vez, a abertura em força do novo disco, o qual já deu lugar ao seu próprio teledisco. Intermitente e poderosa, mais parece a banda sonora de uma feira popular. Já Baile na Eira, associa-se a uma congregação bairrista, e Estrela da Serra uma revisita ao folclore.
Descortinar estas músicas pode ser difícil. Elas imbuem-se no nosso espírito como povo, narra a história de que nós somos, e o reflexo de que vivemos, de uma maneira lírica muito particular. Situação esta que, aliás já acontecia com Virou!. E no seguimento desse mesmo espírito Jorge Cruz e companhia sucedem bem no seu propósito. Agora resta aguardar de ver e ouvir em 3D.
A vantagem surpresa, estava à partida ultrapassada, e já com B Fachada fora do barco (para se dedicar aos seus álbuns cada vez mais merdosos e que também já em nada contribuía para a viola braguesa), Roque Popular acabou por se revelar uma pérola, um clássico da nova música portuguesa. Porquê?
Bem, podemos dizer que de facto Jorge Cruz é um tipo que se interessa mesmo pela música portuguesa, e com a colaboração preciosa dos dois Feromona João Gil nas teclas (simplesmente fenomenal), e Bernardo Barata no baixo, as coisas tornam-se mais fáceis. Aliados à bateria omnipresente e plenamente adaptada ao folclore português de João Pinheiro, estão no caminho certo para continuar a cruzada.
A acompanhar a saída de Fachada, para a Viola Braguesa, e para a percussão, foram os recém-chegados Márcio Silva e Manuel Pinheiro, ambos com um currículo respeitável.
Sete Preces, primeiro single de estreia, mostra que os Diabo na Cruz não são bandas para fazer compromissos, nem precisam tão-pouco. A sua música reflecte a sua natureza. E se Sete Preces são uma reflexão sob a natureza portuguesa, já Luzia é uma manifestação da nossa melancolia natural... «Vim às Festas da Sra. da Agonia».
Bomba-Canção é, por sua vez, a abertura em força do novo disco, o qual já deu lugar ao seu próprio teledisco. Intermitente e poderosa, mais parece a banda sonora de uma feira popular. Já Baile na Eira, associa-se a uma congregação bairrista, e Estrela da Serra uma revisita ao folclore.
Descortinar estas músicas pode ser difícil. Elas imbuem-se no nosso espírito como povo, narra a história de que nós somos, e o reflexo de que vivemos, de uma maneira lírica muito particular. Situação esta que, aliás já acontecia com Virou!. E no seguimento desse mesmo espírito Jorge Cruz e companhia sucedem bem no seu propósito. Agora resta aguardar de ver e ouvir em 3D.