sexta-feira, 13 de julho de 2012

CULT - CHOICE OF WEAPON (2012, COOKING VYNIL RECORDS)

No começo do concerto no Hellfest há alguns anos, e após o seu regresso, marcando o fim das desventuras de Ian Astbury nos reformados The Doors, este dizia perante a plateia de metaleiros de que os Cult poderiam estar um pouco des-situados  face ao conceito do festival, pelo facto de não serem uma banda heavy metal. No entanto, uma coisa se seguiu «One thing that's for sure, we like to rock n' roll».
Provavelmente a atitude mais disseminada hoje em dia, e que recebemo-la desde os finais dos anos 50, inícios de 60.
E não é estranho pensar que as bandas que mais continuam a rockar forte e feio, sejam as bandas britânicas. De facto foi do velho continente, particularmente de uma ilha posh que estava ainda a beber e encontrar a sua identidade nos blues amercanos, quando um nigga americano de seattle veio conquistar os antigos donos do mundo. O resultado foi estrondoso, particularmente nos guitarristas desta geração que lentamente começavam a demarcar-se e a encontrar o seu estilo.
As coisas evoluiram, e os Cult continuam a ser uma marca desse legado, e a demonstrar que os velhos continuam a ser bons e a mostrar a muitas bandas novas, para quem o dinheiro representa quase tudo, como é que se compõe o ramalhete. Apesar de serem de uma fase posterior (bem posterior da revolução cultural), directamente saídos dos anos 80 (mas sem sintetizadores, graças a Deus...), os Cult acompanharam a ascensão e declínio de Manchester, apesar de não serem de lá oriundos.
Choice of Weapon é isso mesmo, um regresso às origens. Com um nome a usar uma expressão caricata Weapon of Choice, os Cult invertem as tendências, com um pouco de Sir William Golding no seu pensamento.
Com uma formação renovada e consistente baseada na dupla que continua liderar a banda (Astbury e Duffy), os Cult continuam a demonstrar que são uma banda que não reduz na sua atitude, nem na sua veia artística. E os resultados dessa liberdade e irredutibilidade dão provas de um grande disco, com uma atitude plenamente rocker. Prova disso é a malha infalível de The Wolf, num estilo muito próprio de Billy Duffy, com os arranjos da guitarra a dar mostrar dos seu contínuo emblematismo, muito próximo aliás do seu contemporâneo The Edge, mas mais agressiva claro. Mas isto não se fica aqui, todo o disco é um grande exemplo de excelente trabalho de guitarra, seja no single já lançado - For The Animals - ou mesmo Amnesia ou em Honey From a Knife.
Mas falaramos só das 6 cordas seria redutor. Astbury não é à toa que é um vocalista singular. A sua voz grossa, mas sentida e presente terá, porventura, deixado uma marca para tantos outros vocalistas que se lhe seguiram, Layne Staley é um excelente exemplo disso.
Apesar de estar talhado para as faixas mais agressivas como Lucifer ou A Pale Horse, Astbury dá mostras de uma melancolia profunda e introspectiva, tantas vezes condizente com o grunge como Life >Death, ou Wilderness Now.
E a atitude dos Cult continua lá, muito virada para as raízes e para um certo saudosismo ameríndio, que talvez não seria tão visível no regresso durão de Born Into This. Ao contrário deste último em que os Cult pareciam demonstrar que tinham e sentiam que era seu dever regressar, Choice of Weapon é mais sereno e percorre a sua atmosfera e mitologia, com Astbury a recolher ensinamentos da narração de estórias do seu alma mater dos Doors, Jim Morrison.
Choice of Weapon é, sem dúvida, um dos discos a levar deste ano de crise....

quinta-feira, 12 de julho de 2012

MÚSICA DO DIA... TEM DIAS#4: BRUCE SPRINGSTEEN - AMERICAN LAND

Uma música linda e inspiradora, com uma melodia irlandesa da qual sou fã e umas letras inspiradoras. Não fosse ele o Boss

quarta-feira, 11 de julho de 2012

MÚSICA DO DIA... TEM DIAS #3: METALLICA - I DISAPPEAR

Provavelmente odiada pelos fãs dos Metallica, esta é uma música que recordo com agrado e nostalgia.... o puto que começou aouvir Metallica. Mas claro que isto não é trash. Hard Rock quanto muito!!!!

terça-feira, 10 de julho de 2012

MÚSICA DO DIA... TEM DIAS: #2 CULT - THE WOLF

Uma velha balhada feita em nova. O velho que regressa novo, é sempre um grande regresso e esta é uma malha. Substituia-a pela For The Animals. The Wolf acho que era um single com um potencial bem mais adequado para ser single....

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SUPER BOCK SUPER ROCK - DIA 7 DE JULHO, HERDADE DO CABEÇO DA FLAUTA, PRAIA DO MECO



Peter Gabriel Setlist Super Bock Super Rock 2012 2012, New BloodParti para este SBSR um pouco de surpresa e sem grandes expectativas. Poucas foram as experiência de acampamento, se bem que recompensadoras algumas, ou as longas jornadas de festivais. Hoje, a palavra de ordem de contenção da bolsa ordenou que fosse um dia, e graças à contribuição de alguém muito especial pude ir ver a experiência única daquela que para mim é a derradeira voz dos Genesis - Peter Gabriel.
Mas haveria bons e mais momentos para partilhar neste dia na herdade da Casa Branca.
Enquanto fazíamos o percurso de carro, ironicamente (ou nem tanto) Bebe, a espanhola indomável dava a sua entrevista no irredutível castelhano. Sabe bem, até porque hoje em dia estamos assoberbados por tudo quanto é lado de inglês. E esta falta de diversidade linguística, claro está, irrita-me. Cansa-me mesmo.....
Para além disso houve a excelente surpresa que foi Aloe Blacc.
Curto mas intenso, mesmo sem ter visto tudo, fomos para uma paragem na rotina e no desgaste do trabalho para o qual é, crescentemente difícil encontrar motivação. Esta pequena interrupção ajudou-nos noutra perspectiva a retirar frustração do quotidiano. Bem foi um serão engraçado, apesar de não estar dentro do espírito do festival.
Bem, como referi há pouco, a recepção esteve a cargo da Bebe, uma espanhola muito, muito selvagem. Ou pelo menos a demonstrar o verdadeiro sangue latino.... quente e indomável. Ao passo que nas nossas paragens as mulheres primam por serem conhecidas por recatadas, e melancólicas... Bebe demonstra o verdadeiro sangue valenciano, veio mostrar aos seus vizinhos lusitanos o seu novo disco Un pokito de Rocanroll.
A maioria da gera ainda regressava da praia, mas esta mulher não se demoveu. Aliás, o toque feminino e a sua irreverência ficaram marcados nesse dia, mas já lá iremos.
Sempre com a sua calma, e a sua personalidade vincada, Bebe não arredou pé até que o pessoal começasse a descolar do chão. Ela própria o afirmou, estava aqui para aquecer o pessoal para o que viria. E o que viria seria bem menos sexual.
Com certeza o festival tinha diferentes dinâmicas, mas a organização em entrevista à TSF manifestou isso mesmo, que as diferentes dinâmicas e nomes era o que faziam o conceito deste festival reinventado. Para mim, Super Bock Super Rock nunca foi praia, sol e rock. Sempre foi distorção e rock triunfante e poderoso. Mas a filosofia do dinheiro e de render as bilheteiras rapidamente monopolizou os intuitos das organizadoras, e agora a Música no Coração só vê mesmo areia, cerveja e bandinhas (claramente Incubus foi apostar no cavalo errado). A seguir segue-se o Sudoeste que é o esterco que se conhece aka, festival de iniciação, e oportunidade para pôr termo à virgindade, física e mental.
Depois veio um momento muito esperado. Por esta altura já nos aperceberamos de que o palco estava bastante adiantado. E mais tarde perceberíamos porquê. Já com um buraco num estômago e após uma mudança do palco, foi altura de sermos recebidos pelo grande Aloe Blacc. Apenas com um disco no reportório, Aloe Blacc foi perfeito para antecipação do climax que encerraria com uma mélange de todo estranha nessa noite - Skrillex (um nome deveras profuso e perturbador).
A acompanhar este grande nigga (com imenso estilo diga-se) estavam uma banda tipo rock, com guitarra eléctrica, baixo, teclados e bateria, mas em tudo ajustado à versatilidade de Blacc. Bastante competentes, comum grau técnico respeitável, ainda que um pouco introspectivos pois a exibição era do mestre de cerimónias - Aloe Blacc.
Com um registo vocal impressionante, limpo e seguro, Blacc pôs a audiência a curtir o funky. Muitas malhas desconhecidas, mas com uma interactividade espectacular, pudémos revisitar o soul, o gospel, o Rn'B, blues, com um toque de Jazz, e claro está a faixa hip hop. Terminou muito bem com a Hey There Brother, com mensagens muito originais, e com uma empatia muito bem construída com o público. Obviamente faltava ainda a música da crise, e a malta esqueceu a crise, como disse Blacc, e entoou a desolação financeira em grande força.
Faltava o prato forte da noite. A bifana de Vendas Novas que está a ter um sucesso estrondoso, só que custa €3,50..... Não admira que o pessoal se retraísse, até mesmo a assistência foi menos que em anos anteriores. Simbólicos 25.000.
Mas a estratégia transversal passava por captar os gostos mais diversificados possíveis. Daí termos artistas tão diversos, mas minimamente compatíveis como Lana Del Rey e Incubus, ou M.I.A. (que tão nova e ainda verde, já est. Como se advinha, tudo isto centra-se na pop.
Pasava das 10 p.m., 10:22 (lá se foi a pontualidade britânica) quando a cortina de luzes, montada num placard muito pomposo, se levantou. A New Blood Orchestra encheu o palco para demonstrar o seu rock reinventado.
Gabriel não foi certamente o primeiro, já lá vão mais de 40 anos desde que Jon Lord, teclista dos Deep Purple propôs ao seu companheiro Ritchie Blackmore uma experiência do género. Mas Gabriel inovador como sempre no seu estilo e atitude não mistura uma orquestra sinfónica com uma banda de rock, mas faz antes de uma orquestra a sua banda de suporte. Esta colaboração que começou com uma ideia muito básica, e até, diríamos, muito pouco nobre de quid pro quo, You Scratch my Back,,, that I'll scratch yours, evoluiu para um colabroaçõ que começa a dar os passos definitivos da sua sedimentação.
Pois assim sucede que Gabriel começa nem com um dos seus temas originais. Heroes de David Bowie foi a música de recepção. Sempre no seu estilo irreverente, e ainda a querer dar surpresas para um espectáculo que podia ser previsível, Gabriel teve tempo para: rectificar erros; ler em português num estilo muito eddie-vedderiano, se bem que pouco compreensível; e ainda numa colaboração improvisada mas majestosa com Regina Spektor em palco com um original Après Moi a mesma. Com esta última Gabriel mostra que ainda se dedica às músicas do mundo, e embora já não descubra talentos como fez nos anos 80, faz por respeitar e prestar tributo aos grandes novos talentos que vão surgindo. Revisitou Solisbury Hill Diggind in the Dirt, e culminou no epítomo Don't Give Up, muito bem trabalhada. Fez falta no entanto Sledge Hammer, mas como disse Gabriel numa entrevista à BBC 6 e ao guitarrista dos Elbow «Não é fácil pôr uma Orquestra a ser Funky»....
A noite, porém, estava longe de estar terminada. Apesar de ser o ponto alto do dia, e até mesmo do Festival, não coube a Gabriel encerrar.... como seria expectável, e acabou por saber a pouco. Esta coube aos Skrillex no palco principal (trabalho funesto para um banda depois de um predecessor destes).
Partimos para o Palco secundário EDP onde St. Vincent já malhava nas 6 cordas. Sim, digo bem, malhava que nem um Jimi Hendrix. Pois é, St. Vincent parece (e é) um Guitar Heroe, com atitude punk, e cheio de novos electronicismos. Eu só conhecia o tema cruel, mas Anne Clark tem muito mais e sobretudo uma atitude para com a sua alma gémea, a guitarra eléctrica.
Cansado, deste dia... Regressei para casa com os Allstar com areia e com marcas de areia e muita poeira pelo nariz. Foram visíveis os esforços do Montez para melhorar o espaço, até porque têm um grande negócio com a Câmara de Sesimbra.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

MÚSICA DO DIA.... TEM DIAS: #1 FIONA APPLE - SHADOWBOXER
Vinha a ouvir outro dia no rádio.... e passei-me!!! Linda e inspiradora!!!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

FIONA APPLE - THE IDLER WHEEL (2012, CLEAN SLATE/EPIC RECORDS)

De facto o título é bem mais extenso do que está acima mencionado. O seu real nome de baptismo é The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do. Mas tratemo-lo (e certamente assim ficará para a História) como The Idler Wheel.
Certamente qualquer disco de uma pessoa que tem uma verdadeira faceta artística, para além dos seus olhos encantadores, Fiona Apple regressa com um álbum há muito esperado, e claro, difícil de ouvir. Idler Wheel, creio, pode ser ouvido e interpretado de diferentes maneiras.
Quase como se de um álbum para crianças se tratasse, pelo menos para mim, Idler Wheel reflecte uma visão de uma criança, enquanto adulta. Quase que o livro de James Joyce invertido. O artista que regressa à sua infância. Um exercício não fácil de compreender, e ainda menos de fazer.
Every Single Night por exemplo, para além da leitura subliminar que possamos sempre fazer, reflecte antes de tudo um conflito entre o eu e o seu subconsciente, e para os problemas que os pesadelos sempre levantam na tranquilidade dos mais pequenos, e que com certeza se arrastam de idades mais precoces até à maturidade.
E se há algo que conhecemos da visão artística de Fiona, é certamente o amadurecimento precoce. E isso passa por enfrentar os demónios em Daredevil ou Werewolf, ou a solidão em Left Alone. Tudo remete para um conceito de infância perturbadora. Ou pelo menos assim o vejo.
E instrumentalmente, tudo se constrói numa atmosfera onde a voz tem o particular, e atmosfera é densificada por uma instrumentalidade tudo menos linear. Contratempos bizarros e percussões aceleradas, como se tivéssemos numa cena assustadora de um filme de Karloff. Lef Alone demonstra esse mesmo drama.
Werewolf por sua vez, bem mais calmo do que se faria supor, realça a afinidade que Apple teve e tem pelo seu piano. E claro está a sua voz com um barítono grave, traça uma marca na sua criação que lhe dá a singularidade que lhe é apreciada, e uma narradora de estados de espírito.
A voz para além de ter uma expressão tão importante ao verbalizar as letras cresce com um verdadeiro insturmento (veja-se Periphery ou Every Single Night). E apesar de pouca versatilidade, a voz de Apple expande-se de uma maneira bem interessante ao longo de todo o disco, fazendo dela uma presença constante.
Apesar de tudo, não é um álbum que ultrapasse outras incursões pela alma anteriores de Apple, como a saudosa Shadowboxer. Mas não deixa de ser um convite à reflexão e um regresso à nossa infância num movimento introspectivo....

quarta-feira, 4 de julho de 2012

HEADSPACE - I AM ANONYMOUS (2012, INSIDEOUT MUSIC)

Headspace poderá para aqueles que se movimentam fora do movimento progressivo, como mais uma daquelas bandas de tótós, alunos de conservatório, e todos aqueles geeks que se dão ao trabalho de não ouvir música mainstream.
Pois bem, o movimento progressivo continua a senda capaz de entregar aquilo que sabe melhor fazer - narrar estórias. Os Headspace fazem-no bem, e aprenderam com os melhores. Aquilo que podia muito bem ser um argumento de um filme distópico, apresenta-se como a banda sonora do armagedão.
Portanto, estamos perante um disco muito ortodoxo, muito fiel ao estilo que se quer fazer representar. Os Headspace são, por isso, uma banda que não procura o seu estilo. Já o encontraram e fizeram uma obra-prima do género. Mas esta obra não nasce do nada. Traz consigo alguns dos genes dos melhores talentos do género. A bordo desta aventura, Adam Wakeman, 2º filho do célebre teclista dos Yes, Rick Wakeman, está responsável pelos teclados. E Stalled Armageddon,  demonstra o compromisso de Adam para o género. Temos um bom trabalho por partes das guitarras é certo. Mas os teclados é que pintam o quadro de um futuro aterrador em I am Anonymous. Mais adaptado ao metal progressivo, do que propriamente o rock sinfónico a que o pai estava habituado. Mas faz um trabalho bem feito, o que não é de espantar com o currículo que traz na bagagem, desde colaborações com Roger Daltrey até o guru Arjen Lucassen.
Outro talento a expandir-se é a do vocalista Damian Wilson, que demonstra os seus dotes de projecção vocal, e sobretudo um registo limpo e definido, de tenor mais clássico. A voz articula-se bem com os teclados, visível em  In Hell's Name, onde Adam tem o seu mote para se expandir.
Claro que um projecto destes que demorou bastante para se pôr de pé, o EP de lançamento I Am... foi registado em 2006, não se lançaria sem um guitarrista. E apesar de Peter Rinaldi não ultrapassar o brilhantismo de Wakeman, faz um trabalho competente ao sedimentar a paisagem sobre o qual se pinta a história.
I Am Anonymous é como tal um álbum conceptual, e o que se quer veicular é uma história, a já clássica do holocausto da humanidade que entra em guerra total entre si, e de como se tenta sobreviver após o holocausto.
Portanto o cenário é negro, e é aqui que o contributo de Rinaldi entra na sua máxima força. Ao entregar uma atmosfera carregada, e negra. Numa perspectiva mais rítmica, o estilo de Rinaldi assemelha-se  muito ao de John Petrucci dos Dream Theater, o que mais uma vez demonstra a presença, o respeito e iconocidade do quinteto de Long Island no movimento.
A originalidade não é mais uma vez o forte deste álbum. E talvez soar como outras bandas talvez seja o seu maior defeito. Mas também não é isso que os Headpsace pretendem, soar a algo de novo. I Am Anonymous é um produto de um estilo, e não se quer fazer passar por outra coisa diferente. Por isso quem procura algo de novo, de fresco não o encontrará aqui....

terça-feira, 3 de julho de 2012

BLUR - UNDER THE WESTWAY LIVE AT WAR CHILD 2012

Nova música dos Blur, num regresso aguardado.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

MANOWAR - LORD OF STEEL (2012, MAGIC CIRCLE MUSIC RECORDS)

Provavelmente de todas as bandas de metal que há, os Manowar são aqueles que tratam o legado deste com maior respeito, religiosamente mesmo. Muitos falam de que o heavy metal nunca tem tido o tratamento que merece, nem tão-pouco recebido o crédito que lhe é devido. E se há banda que eleva o metal a estatuto de legião, e simboliza mesmo a congregação da nação «metálica», quase como que um movimento proletário - Metaleiros de todo o mundo uni-vos.... (E Gringo volta a demonstrá-lo) Se há banda que se esforça por isso, são sem dúvida os Manowar. E já lá vão 30 anos de batalha, e honradamente aqueles que carregam o estandarte diante das legiões de metaleiros,  a banda que toca com os maior volume de decibéis no mundo (embora não tenha oficialmente ultrapassado os The Who) lança o seu 11º disco de carreira.
E no fundo, poucas são as bandas que mantêm o registo irredutível, de não ceder a compromissos, e que mantêm aquela indentidade inabalável, o célebre «uncompromise».
Para quem está de fora, parece 11 missas, mas de facto, os Manowar são uma religião, os sacerdotes que comandam hordas metaleiras para os campos de batalhados concertos. E esse apelo começa bem cedo com Manowarriors. E quem vira costas a esse juramento, enfrenta uma punição severa pelo «Lord of Steel».
Neste álbum os Manowar continuam o seu registo, com muito speed e power, e cruiosamente sempre distanciado da sonoridade mais característica do metal americano, com mais incidência no trash.
E não é para admirar, pois a afinidade  dos Manowar com as bandas do New Wave of British Heavy Metal sempre foi visível. E essa natureza ortodoxa do metal sempre foi uma marca da sua carreira.
Já lá vão mais de 30 anos que o baixista Joey DeMaio aprendeu com os mestres, nada mais, nada menos que os Black Sabbath, ainda na sua digressão de Heaven & Hell, como é que se elevava uma plateia ao delírio,
Lord of Steel é assim mais um registo de faixas prontinhas para serem lançados aos leões do coliseu sedentos de sangue. E nisso há que reconhecer a força destruidora dos Manowar, uma banda talhada para os movimentos ao vivo. Eles vivem para isso, para puxar o exército e levar para onde ele pertence - o descampado de batalha dos concertos. E há um certo número de faixas construídas justamente para esse efeito. Não há tempo para lamechices (com excepção de talvez de Righteous Glory) , só riffs puros e duros, de Expendable (com uma filosofia muito semelhante a Disposable Heroes), ou Black List (que faz um certo apelo ao Doom Metal).
Mas, como se costuma dizer não ponto sem nó, e talvez este fundamentalismo dos Manowar seja um dos pontos mais criticáveis do Metal, e o certo apelo à violência que muitas vezes está conotado com o Heavy Metal. Faceta que faz muitas vezes todo este culto seja olhado com suspeição.