segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MASTODON - THE HUNTER (2011, RELAPSE/ROADRUNNER RECORDS)

Depois de uma ruptura voluptuosa na cena musical de 2009, com o álbum conceptual Crack The Skye, vivamente aclamado pela crítica, metal e não só, os Mastodon hoje têm uma imensa multidão de gente que lhe tem os olhos vivamente postos em tudo aquilo que fazem. The Hunter comprova que os Mastodon não são uma banda desconhecida, ainda a esgravatar para sair do seu espaço. Já com um leque de excelentes discos, desde o seu pesado Remission de estreia, os Mastodon saíram definitivamente da onda Sludge.
Hunter corrompe com os laços antigos de Leviathan ou Blood Mountain, deixando os álbuns temáticos e conceptuais que os caracterizaram durante um tempo. Huinter é um aglomerado de músicas, sem um fio condutor aparente. Embora haja aqui algo de «infantil» no álbum, como faz lembrar o baterista Brann Dailor (que neste álbum tem um crescente participação activa).
Mas não é só no desenho, aproximação incial que eles diferem. As influências de bandas como Melvins ou Neurosis, que tanto os ajudaram a caracteirzar em conjunto com Baronness ou Burst, como um dos melhores exemplos do sludge/stoner metal. Alguns restícios ainda são visíveis nas afinações das guitarras, ou em rasgos quase que punks de Blasteroid, ou o riff heavy de Black Tongue.
Mas os arranjos vocais de Curl of the Burl marcam uma aproximação ao companheiro de Colony of Birchmen, Josh Homme e so seus QOTSA. Quem fala nestes, bem pode referir a (quase beattleana) The Octopus Has no Friends (companheiro de Brent nas suas mocas profundas).
E não é só na titude e vozes que se vê a corrente da mudança, ao nível dos instrumentos os teclados, ainda que nenhum membro se dedique a eles defintivamente, são presença constante. E a revisitação de paisagens, equílibrio melódico da própria distorção, dão uma ideia de caos ordenado. Mesmo as vozes profundas de Troy, são transparentes em estúdio para dar um ar cristalino e audível, e sobretudo, bem mais perceptível, do que aquilo que ouvíamos em Remission.
E não é só com QOTSA que Josh Homme contribui para estes Mastodon. Nota-se uma vívida influência dos seus lendários Kyuss, com uma grande malha em Dry Bone Valley, ou um apelo à inocência barrettiana em The Creature Valley. The Hunter é o acompanhamento evolutivo deste brilhante quarteto, em que se esperava um regresso às origens, mas acabou por se revelar um excelente equilíbrio artístico, e uma bastante boa colecção de canções. Como diz Brann Dailor »nós não gostamos de ser rotulados a um etilo». Aqui estão os Mastodon, definitivamente progressivos.

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