quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

BALANÇO 2009:

Chegámos ao fim do ano, o penúltimo desta terível década no novo milénio. Aqui ficam os melhores e os piores.

Melhor Álbum: Crack the Skye, Mastodon

Melhor faixa: Count of Tuscany, Dream Theater


Pior Álbum: Scream de Chris Cornell

Melhor Álbum Nacional: Hemisférios dos Dazkarieh / Femina de Legendary Tiger Man

Melhor Concerto: Tributo a João Aguadela - Gaiteiros de Lisboa, Oquestrada, Dead Combo e A Naifa

Melhor Álbum ao Vivo: Ao vivo no hot Clube dos Dead Combo

Melhor DVD: The Roundhouse Tapes, Opeth

Melhor Banda Revelação: Them Crooked Vultures

Pior Banda Revelação: The Dead Weather

Melhor Revelação Pessoal: Opeth

Pior Revelação Pessoal: Chris Cornell

Melhor Regresso: Alice In Chains e Transatlantic

Pior Regresso: Kiss

Melhor Despedida: Delfins, bem agauardado o foi.

Melhor evento político: Tomada de posse de Barack Obama para Presidente dos Estados Unidos

Melhor Livro: As Andanças de Cândido de Miguel Nogueira de Brito

Melhor filme: CHE - Partes 1 e 2 de Steven Soderberg

Melhor Série de TV Dramática: Mad Men

Melhor Série de TV Cómica: Gato Fedorento: Esmiuça os Sufrágios

Melhor Série de Animação: Os Simpsons

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

THE BEATLES - MERRY CHRISTMAS

Um Feliz e Santo natal para todo com muitas prendas no sapatinho , sobretudo com saúde e paz, um Natal decente porquer infelizmente me tiraram o meu. São estes os votos de insignifacâncias reveladas.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

STRATOVARIUS - POLARIS (2009, VICTOR/EARMUSIC)


Nas minhas andaças pela busca da melhor banda do mundo, e enquanto ficava siderado a ouvir as maravilhas dos Dream Theater, dei-me conta de uns finlandeses maravilha, que conseguiram a proeza de se manterem vivos e activos sem nenhum dos membros do seu alinhamento original, correram o risco de se tronar num fim funesto de uma novela mexicana, ou pior desfecho de um romance de Camilo Castelo Branco versão cigana - tudo morto à facada.
Com Stratovarius o quinteto que se elevou a épico do Power Metal, com o vocalista mais narcisista que já existiu - Timo Kotipelto (superando mesmo James LaBrie), demonstrou punho de ferro na hora de retomar as rédeas da banda. Mais de 15 anos não foram suficientes para impor a Timo Tolkki, o guitarrista fundador, a autoridade necessária sobre a banda. O Choque de Titãs, quase como a rivalidade Gillan/Blackmore dos Purple, chegou para lançar o clássico Vison, o clássico power-metal, ou o mesmo em versão pop com Destiny, até enveredar pelas malhas do porgressivismo Tolkiano em Elements Pt.1 e 2. Até que as coisas traspareceram cá para foram que não estavam bem, e Tolkki foi esfaqueado e Jens Johansson, o teclista chegou mesmo a chamar-lhe o fim.
Veio Stratovairus a vingança de Tolkki, mas mesmo assim tinha um sabor agri-doce e de que as coisas não resultariam muito tempo. Foi então que se despediram que era o líder que lhe chamava um projecto que lhe já não pertencia. Levou consigo o imperceptível Jari Kainulainen.
O melhor que tiveram a fazer foi mesmo a renovar a forta das cordas. O novo sangue trouxe uma dimensão eclética e cheia de ferocidade de encher de notas cada compasso de música.os amadores do classicismo, e conservatório ciraram um épico considerável, igualável, senão mesmo superior a Vision ou Intermission.
Deep Unknown é a demonstração imediatado sangue renovado, com um guitarra soberba e cheia de vitalidade de Matias Kuipianen e a estas se seguem Higher We Go ou Somehow Precious. E no baixista não se fala. Como um Cliff Burton escandinavo, traz-nos das melhores composições do álbum como Forver is Today ou Falling Star, e a virtuosa Suite EmacipationPt.1 e 2.
Mas nem os veteranos se deixam levar ou ser ultrapassados tão facilmente. O mentor Johansson supreendido mas não vencido dá ainda um excelente contributo King of Nothing, Blind e a balada brutal Winter Skies. Um hino à Estrela Polar, vindo dos lobos da Lapónia, das terras gélidas.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES#7: THE BEATLES - LET IT BE (1970, EMI/PARLOPHONE)


À semelhança de Abbey Road, Let It Be está carregado de ironia e ao mesmo tempo filosofia de vida. Pelo menos interpreto-o eu assim. Como quem diz, e depois do Adeus, aceitem a passagem das coisas com serenidade.
Numa famosa entrevista a John Lennon, o hippie que seria hoje sir, numa das milhentas perguntas que lhe fizeram aquando e depois da separação dos Beatles, dizendo que não é motivo para lamúrias, porque o material está lá, as músicas estão lá e as discográficas, em especial a Apple (editora fundada pelos próprios Beatles), estará a troco de mais uns soldos satisfazer as saudades de velhos e novos fãs dos Beatles.
Let It be nasceu de um projecto de Paul McCartney que frustrado pela falta de concertos, acabou por criar um marco na história entre outros tantos que os Beatles já tinham provocado. Inúmeras bandas desde então têm dado concertos em telhados, caso dos U2, ou em ruelas de Nova Iorque como os Rage Against The Machine, ou os Doors que deram um em pleno asfalto, ou até em cima de toldos de cinemas como os Audioslave.

Há quem considere Let It Be um fracasso. Eu penso que foi, sem dúvida, um sucesso, e foi dos primeiros álbuns ao vivo, a gerar um disco de estúdio. E tantas músicas que sairam deste LP e inspiraram artistas que lhes sucederam. Ainda no seu épico Relase the Stars, Rufus Wainwright pegava na etérea Across the Universe, os Pearl Jam, numa ediçãoe especial do Ten lançavam a movimentada pré-punk I've Got a Feeling.
George Harrison dá o seu hab itual contributo, aqui com uma violenta sátira ao individualismo exacerbado
A balada com orquestração clássica inesquecível de Paul McCartney, The Long and Winding Road, igual à elevação espiritual de Hey Jude mas com o dramatismo de She's Leaving Home ou Eleanor Rigby. Mas nota-se uma influência bem folk/country, influência bem conhecida dos Beatles que tinham uma forte afinidade com Bob Dylan (claro como água em Dig It em que fazem um reedição psicadélica do clássico Rolling Stone) e os novos percusores do folk rock, como Neil Young e os seus Buffallo Springfield. E que maneira melhor de terminar senão com o melhor rock n' roll dos Beatles, Get Back, uma das melhores malhas da História, com Paul McCartney a sacar da sua voz esganiçada, a voz que se tornaria baluarte do rock, e Lennon e Harrison a aproveitrem o melhor da cadência de blues das suas guitarras.
E no final «Speaking words of Wisdom, Let It Be», Os Beatles já há muito que faziam história.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES#6: THE BEATLES - ABBEY ROAD (1969, EMI/PARLOPHONE)


Este, como vários grandes discos da história, tem uma história carregada de ironia, é o anúncio confirmado de um fim. Muito embora, Let It Be haveria de ser lançado posteriormente, este foi de facto o álbum de despedida dos Garotos de Liverpool.
Eles preconizaram o princípio de uma revolução e o seu auge, mas quando a geração hippie comelou a degenerar num futuro profético dee A Laranja Mecânica, a década de 70 já não haveria de lhes pertencer, mas a uma ficção científica fascinante de uma evolução do rock em várias subespécies de rock, tanto mais progressivo, agressivo ou de fusão. Géneros que directa ou inderectamente se reconduzem ao Quarteto Fantástico Britânico.
Não é por acaso que o nome do estúdio ficou para sempre gravado como uma fabulosa colectânea de músicas contemporâneas. As salas de gravação eram uma 2ª casa e o ambiente familiar dava-lhes um certo conforto para a composição. E talvez, ainda que subtilmente, todo espaço lhes dava tranquilidade ao ponto de se tornar um dos desenlaces mais pacíficos da História da Música. Apesar de internacionais, os Beatles não deixavam de ter aquela postura britânica, que acompanha um «beef» para qualquer lado.
Se calhar por úm fim estar próximo, parece que isso ainda elevou mais o nível de composição. «Come Together», é uma das músicas com mais groove que já se fizeram. Se Paul McCartney não for por isto considerado um dos melhores baixistas que já existiram, não sei o que será. Apesar de suave, a música tem um poder, e como sempre uma conotação subjacente que John Lennon imprimia nas letras. As habituais contribuições isoladas de George Harrison com a sua eterna companheira «guitarra-musa», dá um simbolismo e uma magia às músicas dos Beatles, no meio da coalboração hegemónica Lennon-McCartney. «Something» e «Here Comes The Sun» mostra-nos um Harrison, mais afastado do experimentalismo oriental, mas mesmo assim marcante, junta-se às grandes While My Guitar Gently Weeps ou a posterior I Me Mine.
Maxwell Silver Hammer é o prenúncio da revolução dos Hammond Organs que haveriam de vir, de uma maneira profética, e sobretudo alegre. Onde tal como os Lords Ingleses, os Fab Four mostram-se triunfantes mesmo na derrota, ou melhor no fim. E se anterior, o legado instrumental dos Beatles mostra as suas penas de pavão, Oh Darling! mostra o futuro dos coros. Se calhar poucos reconduzem aos Beatles, mas para mim o início dos arranjos vocais começa com a voz esganiçada de Paul McCartney que à Senhor mostra aqui o sentimentalismo do Cromossoma Y, de uma maneiras extraordinária.
E se as supresas acabavam por aqui somos surpreendidos pela «estado de graça» de Ringo Starr em Octopus's Garden. Que não só se safa na secção rítmica, como faz uns fabulosos arranjos de guitarra e voz.
Mas o tema seguramente mais amado dos Beatles, pelos fãs pelo menos, é dedicado à deusa oriental Yoko Ono. Segundo se diz por aí. Lennon estava tão enamorado, que com o seu velho companheiro de armas McCartney, que acabou por emprestar a densidade vocal de que a música precisava. Da primeira vez que ouvi a música, estranhava a similitude impressionante que Finally Free dos Dream Theater tinha com esta faixa. De facto, esta música está revestida de um mito pouco vulgar, que faz dela uma das canções «de todos os tempos».
Até aqui já estaríamos satisfeitos com um excelente lado A para ourvirmos durante muitas e várias horas sem cansar. Só que a tempestade mental do quarteto ainda estava por acabar. «You Never Give Me Your Money», será mais uma das músicas de sempre com a psicadélica She Came in Through The Bathroom Window, que demarcou, como tantas outras, o contributo das drogas para a história da música moderna, tal como o absinto e o ópio determinaram a música romântica e sucessivamente a música do início do Século XX.
Com um toque de sarcasmo os Fab Four, despedem-se com Carry That Weight, música que junta todo o esforço colectivo vocal, óptima para preencher estádios, coisa que poderiam ter feito, mas o grupo nunca quis; e The End que bem a um jeito hippie é uma faixa bem alegre com um forte cunho instrumental, sobretudo das percussões e da guitarra Harrisoniana. Her Majesty marca o paradoxo internacionalista dos Beatles, que nunca deixaram de ser orgulhosos ingleses.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

METALLICA AO VIVO NO PAVILHÃO ATLÂNTICO DIA 8.05.10


Quem não olhava para o famoso concerto no Texas em 97 dos Metallica, que lhes value um duplo DVD e pensava, será que algum dia vão se acabar as eternas horas de festival para ver os Reis do Metal lá para as 11 e tal da noite.
Portugal deixou de ser apenas mais um local de passagem para se fazer uma tourné, mas uma visita habitual que se repete de ano para ano. Só que desde 1999 que um concerto por mão própria se repetia. Pois Beavis, Fogels/McLovin's, e outros fãs de Metallica que não sejam tótós. Agora vêm em formato palco 360º. É começar a correr para não esgotar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

BIGELF - CHEAT THE GALLOWS (2008, CUSTARD RECORDS)


Se fossem jogadores de Ténis seriam considerados como o paladino sueco, Robin Soderling, um «late bloomer», ou seja, aparecidos tardios. Ou então condenados a eternos ilustres desconhecidos, há muitas bandas cujo espírito revivalista vem retomando o rock como um estilo nobre e, acima de tudo, bem elaborado.
Ainda em fase de promessa, mas com grandes cartadas jogadas, foram recrutadas por Portnoy, para a 1ª parte da Progressive Nation europeia dos Dream Theater e dos Opeth. Há quem os chame de Beatles do oculto, mas estes californianos são da melhor mistura entre os Garotos de Liverpool e o quarteto satânico de Birmingham - os Black Sabbath. Aos «Fab Four» trazem o eclétismo o psicadelismo e aos segundos as batidas e os célebres «devil chords» de Toni Iommi, influência mais que visível nos dedos de Ace Mark. Gravest Show on Earth parece a fusão entre o clássico Black Sabbath e o monumental Sgt Pepper's. Ao passo que «Blackball» é o tema mais progressivo, ou não captassem eles a tenção do líder dos Dream Theater, bem ao estilo de uns Led Zeppelin na sua melhor fase de carreira, com uma jam a permear toda a parafernália.
«Money, It's Pure Evil», é o clássico hippie, aqui num estilo muito Floydiano versão Lennon, numa versão bem pop, com uma mistura bem acentuada de distorção.
«Evils of Rock & roll» é puro Sabbath recuperado, com um toque de mestre nos teclados pelo líder Damon Fox. Mas não culmina aqui os seus dotes. De facto, é dos poucos vocalistas a sobressair-se hoje pela sua variedade vocal. Aqui com um estilo bem Deep Purple, com a aspirar aos melhores ensinamentos de Jon Lord.
Mas as portas do inferno abrem-se  em «No Parachute» em que as melhores baladas dos Beatles parecem ganhar vida no oculto bem ao estilo de If I Needed Someone, Hey Jude, Ballad of John an Yoko ou You Never Give Me Your Money. The Game é mais uma vinda directamente de Liverpool, um lado B negro de I Want You (She's so Heavy), como uma versão setentista da mesma.
Mas não seriam progressivos se faltasse o épico Countig Sheep, a música que seria escrita pelo Sabbath se houvesse teclados na banda e escrita em conjunto com a dupla Lennon/McCartney. Estes quatro americanos conseguiram juntar dois mundos opostos que até agora se achava impossível.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

THE WRESTLER (O LUTADOR) DE DARON ARONOFSKY (2009, FOX SEARCHLIGHT STUDIOS)


Ora aqui está mais um dos filmes que ficou renegado para o pequeno ecrã. Com os gostos a serem cada vez mais selectivos e o tempo mais restrito a essas opções. The Wrestler faz-me lembrar um filme português em formato documentário, muito decadente - Belarmino. É um típico filme de género, mas inovador à sua maneira. E aqui Aronofsky passa completamente a sua faze ficção científica revolucionária em The Fountain para uma mais modesto rwalismo quotidiano.
Não se poderia arranjar alguém melhor para tal papel do Mickey Rourke. Um homem que sofreu na pele - literalmente - as cicatrizes da vida de um lutador. É com a cara meio desfigurada, que se faz uma interpretação actualista de todos aqueles filmes lados negros de Rocky, como O Campeão, por exemplo. Aqui tal como o circo de Roma, o mundo do espectáculo violento tem o seu preço a pagar, chegando mesmo ao custo da vida humana. Randy The Ram vem a saber isso depois de alguns excessos no ringue. Vivendo uma vida amarguarada, como um herói puxado para o esquecimento, o seu velho corpo, com miopia grave, próteses e tudo o mais, leva mais um bypass para o seu coração já moribundo. Tudo isto implantado durante o seu sono induzido.
Este é o reflexo de 20 anos de carreira, com os dissaborosos anos 90 a mediar todo esse período. Para representar esse revivalismo de Randy, Aronofsky vai buscar os melhores hits dos anos 80, seja os Ratt que serve de deixa para uma tampa cujos corações velhos têm dificuldade em aguentar, ou Motorhead, e o regresso ao activo com os AC/DC. Tudo o que o glam metal tem de melhor.
Tudo isto está envolto num certo ambiente agri-doce, com uma pitada de humor. Humor esse, bem ao estilo infantial do «jackass» que se reflecte no modo como os lutadores combinam entre si esfolar-se e depois toca de mamar umas jolas. Esta combinação entre o humor e a tragédia acaba por fazer parte do realismo que está em voga hoje, e aqui para nós, ainda bem.
Randy descobre que está no fim da vida e descobre que não terá ninguém para cuidar dele. A única filha que tem não quer nenhum, nem qualquer relacionamento com ele. Randy sabe que mais tarde ou mais cedo, o tempo há-de esgotar-se e a morte se encontrará com ele no fim, mas será uma morte solitária. Irónico ser rodeado de tantos, e viver na solidão.
Randy procura deseperadamente conforto nas mulheres que perderam interesse nele, uma carcaça abandonada, parecendo para estas desprovida de humanidade. Apenas Pam «Cassidy», uma stripper de um clube local, que também ela sente o peso da idade e da decadência. Justamente quando este eleva o seu interesse para além do carnal, Pam recusa o seu afecto, justamente pelas cicatrizes que estão vincadas no seu passado. Cassidy é mãe, e uma mulher, pelo que muitos vêm apenas o seu objecto e esquecem a dignidade. Brilhantemente, Aronofsky tenta captar no dilema destas duas personagens, que acaba por ser um dilema de linguagem e desentendimento e desencontros. A falta de tolerância, muitas vezes legítima, leva a que Randy uma pessoa boa e cheia de boas intenções, a um fim triste.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FRANZ FERDINAND AO VIVO NO CAMPO PEQUENO, LISBOA, 2.12.09



Concerto Relâmpago é como se pode desingnar o espectáculo dos Franz. Curto, mas intenso e sem megalomanias, tirando o que começa a já ser tradicional, o visualismo em pano de fundo. Mas não houve cá espaços para lançamentos espaciais ou plataformas levitantes. Apenas o bom velho rock n' roll, com muita festa, animação e, muito possivelmente, uma good trip. Eu não grande conhecedor da discografia dos escoceses, posso dizer que foi um dos melhores dos últimos tempos. No curto espaço de uma semana, claramente melhor.
Pena que, como seja já habitual, a organização não olhe muito para a velha classe trabalhadora que tem de madrugar no dia seguinte. Dependente de transportes, muitas vezes só podem optar por encurtar o tempo do espectáculo.
Mesmo assim, e já com algum estatuto, os Franz apresentam-se como uma banda simples, apenas ornamentadas do seu cunho pessoal, com a tradicional projecção dos amplificadores pessoais nas traseiras. Bateria humilde, mas potente, e sem presença de guitarras suplentes.
As primeiras partes tiveram a cargo de um projecto protuguês da vaga do new rock que assola aí. Muito estilo Artic Monkeys, os The Doups de Setubal mostravam-se num ar de britânicos sadinos, que pouco inovavam ou tinham para oferecer. Mas há-que apoiar as bandas em início de carreira, ou no mínimo mostrar-se solidário. E de seguida entraram os Allman Brothers Band / Lynyrd Skynyrd encontram Stevie Wonder, os Phenomenal Handclap Band. Pouca intereacção, mas muita música. Suficiente para preencher 2 horas de espectáculo. Hou ve espaço para alguns solos, estilo hippie das pistas de dança, e revivalismo dos anos 70, altura que deu para encher a magotes os bancos de inspiração dos Franz.
Tivémos que ainda esperar para que o uísque não começasse a fazer o seu efeito nos nossos anfitriões, e o espectáculo não ficasse arruinado. A contar os minutos e a começar a amaldiçoar o evento entram eles da melhor maneira. Tonight em força. E bastou apenas uma música para os touros se soltarem. «No You Girl You'll Never Know / No, No, You Girls Will Never Know». E o que bastava para agarrar em força a audiência foi ainda resgatado um dos primeiros êxitos dos Franz, a dança da decadência em «Dark of the Matinée». E tantos temas que eles têm, tão curtos, mas tão apelativos, dão para uma noite de Best Of. «Do You Want To» teve o mesmo impacto com as expectativas em alto. E a postura de Alex Kapranos não podia ser mais simbiótica com o público, que decididamente estava numa noite de «Take Me Out». Se é para a rambóia, é siga sem parar até ás verdadeiras rockeiras 40' ou This Fire, ou até o sinal trepidante de What She Came For. E por falar em final não podia acabar melhor com Safri Duo vira quarteto. Outsiders foi o rastilho, para a percussão repartida em quartos. Grande mérito para o baterista Paul Thomson e o baixista Bob Hardy.
Eis que chega o Encore. Kapranos demonstra porque também sabe dar cheirinho nas 6 cordas e faz um bom solo, em Walk Away e merece a sua Fender em Michael. O cover de LCD Soundsystem - All My Friends - demonstra a paixão dos escoceses pela electrónica, com os organitos nas traseiras que mandavam um som bastante piscadélico, que fez jus ao nome na longa de Tonight: Franz Ferdinand, Lucid Dreams, altura em que Karpanos e Ñick McCarthy saltaram para o VC3 e os Tape Effects. Com isto se depsediram, foi de duração curta, mas de gozo máximo.

Alinhamento

No You Girls
The Dark of the Matinée
Can't Stop Feeling
Do You Want To
Twilight Omens
This Fire
Live Alone
Tell Her Tonight
Take Me Out
Ulysses
40'
What She Came For
Outsiders

Encore:
Walk Away
Michael
All My Friends (LCD Soundsystem)
Lucid Dreams


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR POR MICHAEL MOORE (2009, DOG EAT DOG FILMS)

Michael Moore tinha em mãos uma tarefa hercúlea, definir o sistema económico que hoje rege as nossas vidas. um deus inconsciente que define tudo o que fazemos, chamado mercado. O mercado é tudo o que trocamos e transaccionamos por um preço. Quero dizer que se eu oferecer algo, sem receber nehuma contrapartida eu não estou a actuar no mercado. Mas não deixa o bem de perder o seu valor?
Bem isto não é fácil de definir. Nem o Michael Moore se propõe a fazê-lo. Para isso tem os 4 volumes de O Capital de Karl Marx que o fazem por ele. Mas muita gente que vai ver esta paródia-documentário não estão para lê-lo. Francamente, eu também ainda não oli. Muito embora sei em traços largos aquilo que Marx aí discute, ainda estou reolvido a lê-lo de fio a pavio.
Mas Moore não estava  para perder tempo em análise filosóficas. Como Marx dizia, «os filósofos perdem tempo a a comprrender o mundo, em vez de tentar mudá-lo» (citação livre). Moore está para nos dar, de um forma bastante cómica, os males do Capitalismo. A obsessiva busca da maximização do lucro, e a malfadada expressão marxiana. mas minuciosamente realista, o homem lobo do próprio homem.
No tradicional estilo de Moore temos um 60 minutos, de 120 minutos a explicar e demonstrar vidas de pessoas que ficaram afectadas pelo estilo de vida capitalista. E este são os casos mais flagrantes de como a justiça social ficu de foram no meio de toda esta equação. Quando se fala deCapitalismo, parece querer falar-se de uma qualquer liberade, ou me lhor de liberdade. Mas que liberdade? Para dar um exemplo nítido, a ditadura dePinochet era um sistema económico ultra-liberal, no entanto altamente repressivo das liberdades civis e políticas dos cidadãos. E quem nunca viu uma carga policial americana, numa manifestação pacífica? Pois é o cpaitalismo tem destas coisas, enclausurar as pessoas em casa entretidas pelo seu próprio consumo. Os E.U.A. atravessam uma grave crise insdustrial, sobretudo, porque o sistema que anteriormente lhes conedia supremacia mundial, hoje está a fazer-lhes feroz concorrência e em termos de conepção de Estado e das suas incumbêncas eles ainda vivem num interpessão actualista do Estado Liberal do Século XIX. Por isso vale tudo, até tirar olhos, e na realdiade social, lucrar com a morte de empregados devotos à empresa.
Sim estes é um dos problemas do sistema. É que quando falamos em livre iniciativa, somos capazes de ser transportados directamente para a selva humana, onde as ligações ocultas entre poderes políticos e económicos ditam as regras dos reis da selva, os leões, não melhor os abutres. Moore tenta explicar o Plano Paulson por miúdos.
Durante décadas incentivaram as pessoas a venderem a casa aos Bancos que vendiam a história de que a pessoa vivia em ciam de uma mina de ouro, o seu próprio banco. Isto levou a que as hipotecas das casas disparassem em flecha.
Pois é, é isto que se estuda em Harvard nos dias de hoje, nos cursos de economia. Como enganar o próximo membro da nossa espécie. A complexidade atinge níveis tais que quando interpelados a explicarem-se ficam sem saber por onde começar.
Moore mostra-nos um sistema corrosivo, de uma permanente guerra civil pacífica.